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Investigadores descobrem forma de aumentar resposta ao tratamento do cancro

23 mai, 2017 - 10:38

A inibição de proteína associada à divisão celular ajuda no tratamento do cancro do pulmão.

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Um grupo de investigadores do Porto descobriu uma forma de aumentar a resposta ao tratamento do cancro do pulmão através da inibição de uma proteína necessária para a divisão das células normais, o que leva à autodestruição das células cancerígenas.

"Quando as células de linhas celulares de cancro do pulmão são impedidas de produzir a proteína 'spindly', estas passam a responder de forma mais eficiente ao paclitaxel", um medicamento usado em quimioterapia, disse à Lusa o professor da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico Universitário (CESPU) Hassan Bousbaa, um dos responsáveis pelo projecto.

A função do paclitaxel, segundo o investigador, é impedir o crescimento das células cancerígenas, uma vez que inibe a divisão celular, sendo aplicado em casos de cancro do pulmão, dos ovários e da mama, por exemplo.

Este estudo mostrou que a supressão da 'spindly' atrasa a saída mitótica (que se dá quando uma célula se divide mesmo na presença do fármaco que, em princípio, deveria inibir a sua divisão) e leva à autodestruição das células cancerígenas, quando tratadas com esse medicamento, explicou.

Sendo uma proteína necessária para a divisão das células normais, a sua supressão pode ter efeitos negativos, referiu o professor, acrescentando que o paclitaxel também tem, visto que interfere com a divisão celular normal. Espera-se", no entanto, que estes efeitos "sejam revertíveis no fim do tratamento".

Com este projecto os investigadores pretendem "dar uma nova vida aos medicamentos mais usados e com uma longa história de sucesso no combate ao cancro, mas aos quais algumas células do cancro conseguem adaptar-se e sobreviver", referiu Hassan Bousbaa.

O objectivo, continuou o professor, "é impedir esta adaptação, ajudando estes medicamentos convencionais a combater melhor as células do cancro".

De acordo com o responsável, esta a estratégia mostrou-se eficaz em células de cancro produzidas em laboratório, sendo o próximo passo o teste com animais, projecto que prevê iniciar em Janeiro de 2018.

O estudo teve a duração de dois anos e foi publicado recentemente na revista científica “Cancer Letters”.

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