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Estudo. Há 541 “escolas do insucesso” em Portugal

22 mai, 2017 - 07:54

Estudo da EPIS revela que défice de competências de leitura é a primeira causa de repetência no 2.º ano.

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Um total de 541 escolas públicas do 1.º ciclo, de um total de 3.886, têm níveis de repetência superiores à média nacional, em todos os anos de escolaridade. É o que conclui o estudo "Aprender a ler e escrever em Portugal", da associação Empresário pela Inclusão Social (EPIS).

O insucesso escolar no 1.º ciclo do ensino básico atinge cerca de dois terços (61,5%) dos concelhos portugueses e 14% das 3.886 escolas públicas deste nível, revela a investigação desenvolvida por Maria de Lurdes Rodrigues (coordenação), Isabel Alçada, João Mata e Teresa Calçada.

As 541 escolas identificadas com níveis de repetência superiores à média nacional foram classificadas como "escolas do insucesso".

Mas o insucesso não atinge de forma idêntica todo o país. Seis em cada dez destas escolas estão em 40 concelhos, com maior incidência no Sul e menor no Norte. Um total de 107 concelhos não têm escolas de insucesso e 171 vivem essa realidade.

O problema do insucesso no segundo ano de escolaridade, revela a investigação, assume proporções mais dramáticas em escolas do interior do país e da periferia da cidade de Lisboa, sendo influenciado pelas desigualdades territoriais que as escolas não conseguem contrariar.

As “escolas do insucesso” são, assim, as mais expostas e vulneráveis às desigualdades dos contextos territorial e social em que se inserem.

O fenómeno da repetência não se verifica, por outro lado, em mais de 900 escolas do primeiro ciclo, sendo que cerca de quatro em cada 10 concelhos (38,5%) não têm estabelecimentos de ensino com elevado insucesso escolar.

Dificuldades na leitura no 2.º ano

Segundo o estudo da EPIS, a primeira causa de repetência no 2.º ano é o défice de competências de leitura dos alunos.

Em que medida as dificuldades de aprendizagem da leitura explicam o insucesso escolar nos primeiros anos de escolaridade, que factores explicam, e em que medida, as dificuldades de aprendizagem da leitura foram questões às quais o estudo procurou responder.

A conclusão é que as crianças reprovam no segundo ano por não lerem bem, por não terem atingido os objectivos estabelecidos no programa no que respeita à leitura e à escrita, seja no domínio técnico de identificação e descodificação dos sinais, seja na compreensão da leitura ou do domínio do vocabulário.

As dificuldades com a aprendizagem da leitura são consideradas pelos professores como "normais", argumentando que as crianças são todas diferentes e a grande maioria dos professores das turmas visitadas considera que não é possível eliminar totalmente o insucesso no primeiro ciclo.

Perante situações concretas em que os alunos não atingem os objectivos estabelecidos no programa para a leitura, os professores consideram que têm apenas uma de duas alternativas: a repetência ou a passagem automática.

E consideram que repetência é a única alternativa e a mais correcta.

O estudo "Aprender a ler e escrever em Portugal" é apresentado esta segunda-feira em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Comentários
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  • Judite Gonçalves
    22 mai, 2017 Barreiro 10:16
    Até que enfim há alguém que diga que as coisas a nível de ensino não estão assim tão bem. Porque desde que este governo tomou posse perece que tudo vai sobre rodas. Não há muito tempo noticiava-se que o ensino estava a melhorar, que através do ensino as pessoas conseguiam subir de classe social, e por aí fora, tudo 5 estrelas. Quando na realidade nós vemos que o ensino está cada vez pior. Alunos que falta, que se portam mal, nem aprende nem deixam aprende, professores que estão constantemente a faltar, e não há substituição em tempo real, pais desinteressados, que não põem os pés na escola para ver como é que estão os filhos. Como costumo dizer; os alunos excelentes têm o pai e a mãe nas reuniões, os médios têm lá o pai ou a mãe, aqueles que mais precisam de apoio e de que seja encontrada uma solução para a sua falta de interesse na escola, não têm lá ninguém. Por fim temos uns governantes que a primeira coisa que fizeram quando chegaram ao governo foi tirar os examos no final de cada ciclo, substituindo-os por uns a meio dos ciclos, que não contam para notas, que não valem nada, para que se passe uma imagem as nossas crianças, não estudem, não é necessário, isso não conta para nada. Enquanto não se tentar adequar o ensino à realidade, ao interesse e competências de cada criança, enquanto a sociedade, de pais, professores, políticos e toda a comunidade escolar não se empenhar em dar o seu melhor, vamos continuar a ter insucesso e desinteresse por parte dos alunos.
  • mara
    22 mai, 2017 Portugal 09:05
    Nas escolas deviam orientar os miúdos para aquilo que tem vocação desde o quinto ano, se detestam matemática ensinavam-lhes o básico se e gostam de agricultura ou costura, carpintaria, investiam nestas actividades, davam-lhes cultura e educação e não os cansavam com aulas que detestam e os leva a faltar e a meterem-se por maus caminhos, infelizmente há muitos casos destes...

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