27 abr, 2017 - 16:41
Emanuel Medeiros lançou, esta quinta-feira, um sério aviso aos "grandes" do futebol português, às instâncias desportivas e ao próprio Governo, quanto às graves repercussões que podem advir do actual clima de crispação que se faz sentir um pouco por todo o país.
O ex-director da Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional e actual CEO do Centro Internacional para a Segurança e Desporto (ICSS) - passou ainda pela Liga de Clubes, como secretário-geral - está até disposto a servir de intermediário para que todas as partes cheguem a um consenso, sob pena de, caso contrário, se cavar ainda mais o "fosso" já de si considerável entre os campeonatos nacionais e europeus.
“Exorto daqui os dirigentes políticos e desportivos para, de uma vez por todas, porem fim ao estado das coisas. Estou disponível para convidar todos, o presidente do Sporting, o presidente do Benfica, o presidente do Porto, o presidente da Federação, o presidente da Liga, o presidente do Sindicato e seja lá quem for que determina a política do governo no desporto, para nos sentarmos. Não é tarde de mais. Não há que nos conformarmos com o facto de vermos ligas da nossa dimensão avançarem e nós não. Quem pára, morre. O primeiro passo para ser credível é reconhecer os problemas e trabalhar para as suas soluções”, afirmou Medeiros, durante o congresso "The Future of Football", organizado pelo Sporting, em Alvalade.
Na leitura do dirigente, com vasta experiência no convívio junto das principais ligas do "velho continente", a realidade é que o futebol português já deveria estar "acima do que realmente está". O que se perfila, nesta altura, é um autêntico "momento da verdade".
"E o momento da verdade implica reconhecer tudo de bom e positivo mas também alguns retrocessos e alguma estagnação. Como é que queremos ser os melhores do mundo e manter-nos no topo se lançamos permanentemente palavras de suspeição, uns sobre os outros. Não é isto o futebol, não é isto que alimenta a paixão, isto alimenta sim o divórcio, o declínio e a suspeição. Há hoje a convicção, cada vez mais enraizada, de que se quisermos estar no topo, se quisermos primar pela excelência o primeiro ingrediente é a reputação. É aquele valor que uma vez destruído nunca mais será reconstruido”, completou.