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Concertos de entrada livre marcam regresso dos órgãos históricos da Sé do Porto

26 abr, 2017 - 15:34

O silêncio dos órgãos históricos da capela-mor da Catedral do Porto termina no fim-de-semana, após dois anos de trabalhos de conservação e restauro.

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Os órgãos históricos da Sé do Porto voltam a soar no fim-de-semana, após dois anos de trabalhos de conservação e restauro, indicou esta quarta-feira o Cabido Portucalense, que espera a visita de mais de mil pessoas.

O Cabido Portucalense, instituição responsável pela Sé do Porto, destaca, em comunicado, que serão "dois dias abertos ao público e de entrada gratuita que incluem mais de seis horas de música do século XVI ao século XIX".

O programa de comemorações que assinala a inauguração do restauro dos dois órgãos tem início às 18h00 de sábado com a apresentação do livro "Restauro dos Órgãos da Epístola e do Evangelho da Sé Catedral do Porto", seguindo-se concertos pelos músicos Roberto Antonello e Maurizio Croci, bem como pelo coro da Sé Catedral, sob a direcção de Tiago Ferreira.

No domingo, há concertos seguidos a partir das 17h00, com a presença dos organistas Montserrat Torrent, António Mário Costa e Filipe Veríssimo, e a fechar, Tiago Ferreira e Rui Soares.

O silêncio dos órgãos históricos da capela-mor da Catedral do Porto termina após dois anos de trabalhos de conservação e restauro levados a cabo pela equipa de Dinarte Machado, mestre organeiro que restaurou dezenas de órgãos do acervo histórico português, incluindo os seis órgãos do conjunto histórico do Palácio Nacional de Mafra.

Na Sé do Porto em causa estão dois os órgãos de tubos datados do século XVIII. O primeiro, situado à esquerda para quem está de frente para o altar, do lado do Evangelho, apresenta características condizentes com o século XVIII, enquanto o segundo, à direita, no lado da Epístola, sofreu uma série de alterações no século seguinte, pelo que possui características da primeira metade do século XIX.

Em entrevista à agência Lusa em Março, Dinarte Machado contou que "a harmonização" destes instrumentos históricos teria em conta "essas duas identidades".

"Mas apesar de as respeitar, é preciso perceber que eles vão tocar juntos. E para que toquem juntos é preciso fazer uma harmonização que dá ao órgão da Epístola um som mais grave, complementando o que o órgão do Evangelho não tem", descreveu Dinarte Machado, que foi convidado pelo Cabido para realizar este trabalho num processo autorizado pela Direção Regional de Cultura do Norte e acompanhado pelo cónego Ferreira dos Santos.

Dinarte Machado contou que teve como missão recuperar a qualidade do vento, corrigindo a posição dos foles, peças que descreveu como "os pulmões dos órgãos", e aplaudiu a lógica de continuidade do trabalho de restauro por além dos instrumentos ter sido feita paralelamente uma operação nas caixas, nos armários.

"Quando entramos numa igreja e olhamos para a caixa de órgão, esta pode não ter nada lá dentro mas ele já começa a soar. A imagem transmite aquilo que já estamos a ouvir pelo que nunca essa imagem pode ser entregue a alguém que não ouve", disse.

Preocupado com o futuro do património organeiro do país, e vincando que a defesa do património "é a defesa da nossa própria identidade", Dinarte Machado realçou que "é preciso pensar que o restauro dos instrumentos é importante, mas o primeiro mandamento para a manutenção de um órgão é que seja utilizado", embora advirta para o "respeito pela peça".

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