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Cientistas recriam ambiente uterino para reduzir mortalidade de bebés prematuros

25 abr, 2017 - 18:24

A ideia dos cientistas é aplicar o dispositivo extra-uterino a humanos, no suporte vital de bebés prematuros, com 23 a 28 semanas de gestação.

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Investigadores criaram, nos Estados Unidos, um dispositivo tecnológico que recria o ambiente uterino, permitindo reduzir a mortalidade e deficiências em bebés prematuros, revela um estudo publicado esta terça-feira na revista científica “Nature Communications”.

O dispositivo, criado por uma equipa do Hospital Pediátrico de Filadélfia, foi testado em fetos de cordeiros, cujo desenvolvimento do pulmão, na fase fetal, é muito semelhante ao dos humanos.

O sistema, alternativo às atuais incubadoras, utiliza um recipiente com líquido amniótico que está ligado a máquinas que fornecem suporte básico de vida.

Os fetos de cordeiro crescem num ambiente quase estéril, controlado pela temperatura, respirando o líquido amniótico – produzido em laboratório – como fazem normalmente no útero materno.

Os corações dos fetos bombeiam o sangue através do cordão umbilical para uma máquina que substitui a placenta materna na troca de oxigénio e dióxido de carbono. Monitores electrónicos medem sinais vitais, fluxo sanguíneo e outras funções cruciais.

A ideia dos cientistas é aplicar o dispositivo extra-uterino a humanos, no suporte vital de bebés prematuros, com 23 a 28 semanas de gestação.

“Se desenvolvermos um sistema extra-uterino para apoiar o crescimento e a maturação de órgãos por apenas algumas semanas, poderemos melhorar drasticamente os resultados para bebés extremamente prematuros”, sustentou o autor principal do estudo, Alan W. Flake, citado num comunicado do Hospital Pediátrico de Filadélfia.

No estudo, os investigadores descrevem a evolução do dispositivo ao longo de mais de três anos, a partir de uma série de quatro protótipos, começando com uma incubadora de vidro até chegar ao sistema actual.

Os seis cordeiros prematuros testados com o mais recente protótipo eram fisiologicamente equivalentes a um feto humano de 23 ou 24 semanas de gestação.

“Os pulmões dos fetos são gerados para funcionar em fluidos, e nós simulamos esse ambiente aqui [no dispositivo tecnológico], permitindo que os pulmões e outros órgãos se desenvolvam”, assinalou outro dos autores do estudo, Marcus G. Davey.

Cientistas estudaram anteriormente a aplicação de várias versões de uma placenta artificial em modelos animais, mas os sistemas para bombear o sangue duravam o máximo de 60 horas e os animais acabavam por ter lesões no cérebro.

O novo dispositivo funcionou durante 28 dias com alguns animais, que se mantiveram saudáveis. Os cordeiros apresentaram respiração normal, deglutição, abriram os olhos, tornaram-se mais activos, tiveram função neurológica e os órgãos cresceram.

A equipa do Hospital Pediátrico de Filadélfia pretende aperfeiçoar o dispositivo e adaptá-lo a bebés, que têm um terço do tamanho dos cordeiros usados no estudo.

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