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Projecto-piloto. “Cortina de árvores” com 12 km cria protecção contra incêndios

24 abr, 2017 - 07:27

Câmara de Arouca cria corredor florestal com cinco espécies mais resistentes às chamas.

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A Câmara de Arouca está a desenvolver, com cerca de 70 proprietários do concelho, um projecto-piloto que visa criar um corredor florestal de 12 quilómetros apenas com árvores autóctones mais resistentes ao fogo do que o eucalipto.

Segundo revelou à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal, o projecto, a ser monitorizado ao longo de dez anos, arrancará em Setembro com a plantação de cerca de 80 mil árvores dispostas por uma faixa de terreno com 10 metros de largura a partir da estrada, no percurso entre o centro da vila e os passadiços do Paiva.

"Vamos usar cinco espécies de árvores autóctones que são mais resilientes e não deixam crescer grande vegetação sob as suas copas - sobreiros, castanheiros, bétulas, cerejeiras e carvalhos - e depois assumiremos a gestão deste corredor ao longo de dez anos, antes de devolvermos essa responsabilidade aos proprietários", explicou José Artur Neves.

"Nos nossos contactos com os donos dos terrenos, 99% deles mostraram-se entusiasmados com o projecto e só um é que se recusou a participar, por preferir plantar apenas eucalipto, que rende mais financeiramente", observou o autarca.

Mas, realçou, “essa espécie é precisamente a que queremos evitar, não só pelos riscos enormes que representa em caso de incêndio, mas também porque é ela que tem vindo descaracterizar toda a floresta portuguesa".

Técnicos vão monitorizar cada espécie

O objectivo do projecto-piloto da Câmara de Arouca é estabelecer uma “cortina arbórea de protecção” contra incêndios florestais e também contribuir para o embelezamento da paisagem natural do concelho, apostando em espécies que, nas últimas décadas, foram sendo substituídas por eucaliptos.

José Artur Neves referiu que a medida surge na sequência da recente alteração legislativa mediante a qual "a gestão do território florestal passou a ser incumbência dos municípios".

Com base nessas novas competências, a autarquia contactou os proprietários com terrenos no trajecto entre a vila de Arouca e os passadiços do Paiva, do que resultou que aqueles cederam à autarquia o direito de aceder às suas terras para aí proceder à plantação das novas árvores. A Câmara caberá também gerir essa área, recorrendo a técnicos especializados para monitorizar o crescimento de cada espécie e o seu comportamento em caso de fogo.

Caso a avaliação do projecto-piloto se revele positiva, José Artur Neves quer depois "alargar a medida a todo o concelho, o que implicará muitos milhões de árvores". Já a contar com resultados favoráveis, anuncia, aliás, a ampliação dos viveiros municipais, "para haver capacidade de resposta" a essa procura.

Entretanto, o autarca propõe-se também "reestruturar o Plano Director Municipal" para aí reflectir as novas responsabilidades da Câmara no que se refere ao ordenamento florestal. "Temos um ano para tratar disso", concluiu.

Comentários
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  • Pedro
    27 abr, 2017 Barreiro 13:07
    É com grande satisfação que vejo uma Câmara Municipal a mostrar consciência ecológica. Não se limitou a denunciar os significativos impactos negativos da monocultura do eucalipto, o que já de si é meritório, mas avança com medidas práticas de combate aos mesmos. É este tipo de atitude que pode fazer a diferença ao ponto de despertar consciências e alterar mentalidades. Bem haja a Câmara de Arouca
  • Cidadao
    27 abr, 2017 Lisboa 13:06
    Aqui está uma excelente medida a fazer parte de um "pacote" mais generalizado, com, entregar o combate dos incêndios à Força Aérea, construir aceiros, diversificar especies nas floresta, usar mão-de-obra de detidos/gente a RSI para limpeza de florestas, reactivação do Corpo de Guardas Florestais, Legislação específica - como é que as matas da Costa da Caparica usadas por centenas de milhares de pessoas nunca ardem? Ah pois é: não pode haver construção, nem venda de madeiras, nem especulação com o terreno, não é? - e por aí fora. Saúdo vivamente este medida e espero que seja para manter e alargar.
  • António Américo Pime
    25 abr, 2017 Vila do Conde 10:47
    Excelente é por estas políticas de trabalho e investimento que devemos seguir
  • Diogo
    24 abr, 2017 11:32
    Especies autoctones? Obviamente. A natureza nao se engana... provavelmente essas especies nunca deveriam de la ter saido. Uma floresta autoctone e nao teriamos um flagelo destas proporcoes todos os anos...
  • jose duarte de lima
    24 abr, 2017 viana do castelo 10:34
    Parabéns à Câmara de Arouca e ao seu Presidente! Até que enfim que uma autarquia investe na prevenção, de forma exemplar!! Esse parece-me ser o caminho (e não o investimento crescente e desmedido no combate ao fogo com aviões e helicópteros, faturados à hora...). Bem hajam, e oxalá o seu trabalho (que não dá votos no imediato) venha a ser reconhecido e seguido!!
  • Nuno Silva
    24 abr, 2017 Viseu 09:14
    Optima ideia.Finalmente alguém decidiu fazer alguma coisa com sentido.Mas os 10 metros são muito muito pouco espaço para travar um fogo alto tocado a vento.

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