Tempo
|
A+ / A-

Indústria das bicicletas de Aveiro recupera a pedalada

21 abr, 2017 - 11:10 • Júlio Almeida

A indústria das duas rodas da região está a recuperar terreno. Novas fábricas e produtos inovadores ligados às bicicletas atraem cada vez mais clientes estrangeiros.

A+ / A-

Há 50 anos, António Sousa Vela era um entre muitas dezenas de montadores de bicicletas do tipo "pasteleira", cada qual com a sua marca e logótipo, que existiam na Bairrada.

O fundador da Siera é hoje o último armazenista em actividade e a oficina de Oliveira do Bairro a salvação para quem quer restaurar os modelos mais antigos. "Fiquei agarrado a esse nicho de mercado, com uma bicicleta que montamos, de primeira qualidade", conta.

A curta distância, no vizinho concelho de Águeda, está o principal núcleo industrial do país ligado às duas rodas. As fábricas portuguesas, e também algumas estrangeiras, já passaram os efeitos da crise causada pela concorrência das bicicletas vindas da Ásia. E, nos últimos anos, o sector conseguiu voltar a convencer os clientes pela qualidade. Para isso, contou muito o investimento em projectos industriais diferenciados.

Portugal apresenta como principal inovação a primeira fábrica a produzir quadros de bicicletas de alumínio fora da China. "Baseia-se muito, também, no quadro para a bicicleta eléctrica, que está em crescimento na Europa", adianta Vital Almeida, administrador do consórcio formado por três empresas de Águeda que está a investir 17 milhões de euros para 'atacar' em força a exportação.

Não é caso único: a Miranda Bike Parts começou a comercializar a única pedaleira no mundo totalmente modular para bicicletas.

João Pires, presidente da Abimota, associação representativa do sector, que tem dos melhores laboratórios de ensaios ibéricos, diz que "a estratégia é ganhar competitividade para passar de compradores a fornecedores dos grandes fabricantes".

Os argumentos já convenceram uma grande empresa de Taiwan a investir oito milhões de euros em Águeda para produzir as suas bicicletas, o que ajudou Portugal a tornar-se o terceiro mais fabricante europeu - 1,6 milhões de unidades, 315 milhões de euros.

Há meio século que a família de Jorge Maia vende bicicletas na cidade Aveiro, que tem na universidade local a sede da Plataforma para a Mobilidade Suave. As marcas portuguesas continuam a merecer confiança dos clientes. "A Órbita, na bicicleta tradicional, tem uma linha de muita qualidade", diz o comercial.

Terminamos regressando à Bairrada, onde a importância do sector das duas está espelhado em Sangalhos, no imponente velódromo nacional, que passará a ter também, dentro de pouco tempo, a mais moderna pista olímpica de BMX da Europa, orçada em 400 mil euros. Indústria e desporto, seja de lazer ou alta competição, dão, assim, as mãos para promover o sector das bicicletas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+