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Martins da Cruz. “Theresa May quer ganhar legitimidade democrática”

18 abr, 2017 - 14:47

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros interpreta a jogada política de May em convocar eleições antecipadas como uma forma de se legitimar dentro e fora das ilhas britânicas.

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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz não ficou surpreendido pelo anúncio da primeira-ministra britânica Theresa May, que, esta terça-feira, fez saber que convocaria eleições antecipadas para 8 de Junho.

Em declarações à Renascença, o diplomata interpreta a decisão de May como sendo uma forma da sucessora de David Cameron “ganhar legitimidade democrática, uma vez que não foi eleita”, mas também de ganhar outro peso político para as negociações do brexit, enquanto que aproveita uma aparente “fraqueza” dos trabalhistas.

“É uma jogada arriscada, como são arriscadas as jogadas em política”, argumenta. “A senhora Theresa May e os estrategas do partido conservador de certeza que tiveram em conta as sondagens que existem” e agora “quer reforçar a maioria conservadora em Westminster e ganhar lastro e estabilidade para as difíceis negociações do Brexit que se avizinham”, declara o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Durão Barroso.

Segundo a mais recente sondagem feita pelo site YouGov, o Partido Conservador lidera as preferências dos eleitores, com 42% das intenções de voto.

Para Martins da Cruz, um bom resultado nas eleições agora convocadas podem ditar ainda o rumo das negociações do Brexit, uma vez que se Theresa May “tiver uma maioria mais expressiva que o futuro presidente francês e do que o futuro chanceler alemão, ganhará com certeza peso e densidade política para as negociações”.

Com este anúncio, França, Alemanha e Reino Unido vão a eleições este ano.

O antigo embaixador em Madrid entende por isso que este processo eleitoral vai prolongar o Brexit para lá dos dois anos estipulados no tratado europeu. “O processo vai-se arrastar muito mais do que os dois anos que estão previstos”.

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