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Patriarca

Corpo não é "uma coisa" nem é manipulável "a bel-prazer ou por capricho"

13 abr, 2017 - 12:09

Patriarca de Lisboa alertou, esta quinta-feira, na Missa Crismal, para os riscos da manipulação, tanto na comunicação social como na própria natureza humana.

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D. Manuel Clemente. Corpo não é "uma coisa" nem é manipulável "a bel-prazer ou por capricho". Imagens: Patriarcado de Lisboa
D. Manuel Clemente. Corpo não é "uma coisa" nem é manipulável "a bel-prazer ou por capricho". Imagens: Patriarcado de Lisboa

O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, expressou, esta quinta-feira, na homilia da Missa Crismal, na Sé de Lisboa, preocupação face aos "riscos de manipulação" que se verificam nas sociedades de hoje.

D. Manuel Clemente apontou os riscos de manipulação tanto na comunicação social, que muitas vezes atinge verdades fundamentadas, como os riscos de manipulação da própria natureza humana, segundo a vontade individual de cada um.

"Refiro-me ao que podemos chamar alarmismo mediático e ao reducionismo ético. Quando se trocam notícias fundamentadas por títulos mais ou menos estrepitosos, puxando a atenção pela rama e pondo em causa a verdade. O segundo, que faz da apetência individual o critério e a norma quase nesta cadência: 'apetece-me, é tecnicamente possível, logo tenho direito'. O corpo é a pessoa em relação. E não uma coisa que se mantenha ou elimine, transforme ou manipule por bel-prazer ou capricho. Não nos é exterior, somos nós próprios em exteriorização", afirmou o patriarca de Lisboa.

"Da concepção à morte natural de cada um, o corpo sinaliza-nos sempre como alguém. E faz-nos acontecer como pessoas. E só assim existe civilização, como vida positivamente conjugada", acrescentou.

Noutra passagem da sua homilia, D. Manuel dirigiu uma mensagem aos sacerdotes, lembrando-lhes que a Igreja deve ser um exemplo na solidariedade para com os mais necessitados.

"Persistem entre nós formas agudas de fragilidade e pobreza que não podemos desistir de superar com todos os nossos concidadãos e instituições sociais e estatais. Muitos continuam sem abrigo. Há quem não encontre trabalho, quem o tenha precário e quem o perca, para si e para sustento dos seus. Há quem tenha tecto e comida mas não tenha vizinhança nem companhia. Estas e outras são carências à espera de Evangelho. Não nos podemos acomodar, pois, se persistem, não é por Deus se esquecer delas. É a sua resposta em nós, desdobrando a de Cristo, que podemos adiantar ou atrasar."

"O que houver a melhorar, melhoremos. O que houver a corrigir, corrijamos. Onde ainda tardar, comecemos", rematou o cardeal patriarca.

Comentários
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  • ivo magalhaes
    13 abr, 2017 alcabideche 15:26
    È com muito gosto que vejo o cardeal patriarca nas suas funções normais.Para quem tem estado calado todo este tempo é sempre um prazer ouvir.Só que estas intervenções não devem ser esporádicas,a igreja tem que estar todos os dias presente nas suas lutas endémicas de sempre.A luta ,denuncia,ajuda, são pressupostos de que a igreja jamais se poderá afastar.
  • Luís M.
    13 abr, 2017 Braga 14:18
    No tempo da ditadura Portugal tinha metade da população na miséria sem qualquer tipo de assistência social. Onde estava a igreja nessa altura?

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