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Ginásio Go Fit Campo Grande está "prestes a abrir" há sete meses

12 abr, 2017 - 19:19 • Inês Rocha

Demora na abertura do ginásio no espaço concessionado pela Câmara de Lisboa está a causar descontentamento entre os sócios. Vereador lamenta que a autarquia sirva de "bode expiatório" para o atraso.

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No lugar onde um dia esteve a piscina municipal do Campo Grande, nasceu um novo espaço desportivo – o Go Fit Campo Grande. Um “megaginásio” que tem chamado à atenção dos moradores com preços atractivos, mas que está “prestes a abrir” há mais de sete meses.

O impasse tem motivado fortes críticas daqueles que já se inscreveram (pagando adiantadamente mensalidades e, nalguns casos, anuidades) e estão à espera que o ginásio abra portas desde Setembro de 2016.

A ex-deputada do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias juntou-se ao coro de críticas na última semana, no Facebook. Diz ter pago mais de 400 euros para frequentar um ginásio que tem obrigação de fazer serviço público, uma vez que está num terreno municipal, e que constantemente se descarta de culpas, dizendo aos sócios que está a uma “licença” de abrir.

Em entrevista à Renascença, o vereador do Desporto da Câmara de Lisboa (CML) lamenta que a autarquia esteja a ser usada como “bode expiatório” pela direcção do ginásio, para explicar a demora na abertura. Segundo Jorge Máximo, o processo está na fase final, mas o equipamento ainda não está a funcionar devido ao “não cumprimento total das condições exigidas no processo de licenciamento do complexo”.

Foram realizadas vistorias no edifício na última semana e está a ser elaborado um relatório, diz. A licença, "provavelmente, está para breve”, revela.

A Renascença tentou contactar repetidamente a direcção do Go Fit, que nunca respondeu às solicitações de entrevistas.

O contrato com a Câmara de Lisboa

A história da requalificação das piscinas do Campo Grande, encerradas em 2006 devido ao avançado estado de degradação, começa em 2011, quando a Câmara de Lisboa anunciou a sua concessão, depois de concurso público internacional, à Ingesport.

Em troca da cedência do espaço por 40 anos, a empresa acordou pagar as obras de reconversão, no valor de 8,5 milhões de euros, e transferir 3% dos lucros anuais para a CML.

A empresa espanhola ficou ainda com a concessão das piscinas dos Olivais, onde abriu o Go Fit Olivais, em Fevereiro de 2015.

A campanha de angariação de sócios

Cerca de um ano depois do lançamento da primeira pedra, no Verão de 2016, o futuro ginásio já exibia um cartaz que anunciava que abriria portas em Setembro, segundo conta à Renascença Joana Amaral Dias, moradora em Alvalade.

“Várias pessoas da freguesia, enquanto decorria a obra, foram-se inscrevendo no ginásio com a expectativa de que abriria em Setembro”, conta a ex-deputada.

Em Outubro de 2016, também Joana Amaral Dias decidiu inscrever a filha, de seis meses, naquele ginásio. Na inscrição, escolheu pagar a anuidade completa, já que a empresa oferecia um bom desconto se escolhesse esta modalidade. Por “política da empresa”, não conseguiu inscrever apenas a filha, já que o ginásio obriga a que os pais das crianças estejam também inscritos. Nesse dia, pagou 415 euros.

A história de Ricardo Ferreira, assistente pessoal com 40 anos, é semelhante: inscreveu-se em Novembro de 2016, com a promessa de que poderia começar os treinos em Janeiro. Desistiu do ginásio que frequentava antes porque as condições que o Go Fit oferecia eram superiores. Na inscrição, escolheu a modalidade de casal: 55,80 euros por mês, para duas pessoas.

As condições eram vantajosas: se aceitasse pagar a anuidade completa, o ginásio oferecia duas mensalidades. Assim, Ricardo aceitou pagar 558 euros logo na inscrição.

“Falta de comunicação e de respeito”

Hoje, cerca de sete meses depois da primeira data de abertura anunciada, os sócios continuam à espera do início dos treinos.

“O que chateia mais”, desabafa Ricardo Ferreira, não é o atraso na abertura, mas “a falta de comunicação e de respeito para com os clientes”. As desculpas, diz, vão variando. Com tantos meses de espera, “já engordei e saí de forma”, brinca.

Joana Amaral Dias sentiu o descontentamento no bairro onde vive. “Muitas pessoas inscreveram-se naquele ginásio, houve pessoas idosas a deixar ali dinheiro”, conta. “O ginásio continua a mandar e-mails de promoções e propaganda todas as semanas, mas nunca comunicou que a obra estava atrasada, nunca me pediu desculpas ou fez qualquer diligência para compensar os clientes”.

Sofia Marieiro, que também se inscreveu no Go Fit em 2016, considera que a actuação dos responsáveis do ginásio é “péssima para a imagem da marca” e é uma “demonstração de falta de consideração pelas pessoas que se inscreveram”. Sofia diz ter tentado diversas vezes obter informações junto da empresa, mas encontrou sempre entraves. “Não atendem telefones, não respondem a e-mails e os que enviam são extraordinariamente vagos”.

O luso-brasileiro Marcelo Frezzatti também se inscreveu no Go Fit em Novembro do ano passado. Descontente com o atraso na abertura, em Março decidiu cancelar a matrícula e solicitou a devolução do dinheiro. Quarenta e cinco dias depois, os 40 euros que pagou voltaram à sua conta. Mas, para conseguir reaver o dinheiro, o jovem teve que contactar directamente a Ingesport, em Espanha.

O vereador Jorge Máximo lamenta que haja pessoas a sentir-se enganadas, esperando "que não se sintam enganadas pelo município de Lisboa”.

O responsável político admite que a Ingesport tivesse expectativas de abrir mais cedo, mas “era preciso que tudo estivesse concluído” para isso ser possível, explica. “Também eu gostaria que já estivesse aberto porque o ginásio irá suprir uma necessidade de oferta desportiva na zona."

Comentários
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  • 14 abr, 2017 19:13
    Abre 2 feira
  • Luis Costa
    13 abr, 2017 Lisboa 13:04
    Em Novembro fiz a inscrição no Go Fit do Campo Grande, com previsão de abertura em Janeiro. Como não me comunicaram nada, anulei a inscrição no outro ginásio em que estava. Apesar do contratempo mudei me para Go Fit dos Olivais enquanto o outro não abria. No dia 1 Abril sem avisar anularam me a inscrição, e já não consegui treinar, porque o Go fit do Campo Grande ia já "começar". Eu que até nem estava muito chateado com a situação, fiquei furioso e com vontade de desistir perante tanta falta de consideração com os membros.
  • Filipa
    13 abr, 2017 Lisboa 13:02
    O vereador, claramente, não conhece a zona. O que não falta são ginásios em Alvalade. Holmes Place, time to fitness, clube atlético de alvalade, vivafit, magic form, só para mencionar alguns.
  • Ernesto
    13 abr, 2017 Lisboa 11:57
    O que chateia mais é as pessoas ainda não terem aprendido que só se devem fazer sócios seja do que for depois de terem a garantia que assim que se inscrevem podem imediatamente utilizar as instalações e os equipamentos. Passa-se o mesmo com a piscina da Penha de França e a CML continua assobiar para o lado.
  • André
    13 abr, 2017 Lisboa 09:27
    A empresa ainda não requereu a autorização para abrir o espaço ao público. Sem esse pedido, não podem abrir portas. Se ainda não o pediram é porque tem outras coisas para fazer e devem explicar aos clientes o que é. Já agora, a Dra Teresa Leal Coelho, quando for fazer acções de campanha, vá só com 1 carro... hoje levou 12 que obrigaram o eléctrico a estar 30 minutos à espera que o staff e seguranças seguissem a Dra. depois de uma acção de campanha na baixa, pois não cabiam mais carros em cima do passeio.
  • alfacinha
    13 abr, 2017 Lisboa 09:02
    câmara de Lisboa, what else?...
  • Francisco
    13 abr, 2017 Lisboa 08:30
    Que há falta de respeito por quem se inscreveu, já sabemos.. Mas afinal de quem é a culpa? Fiquei sem saber

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