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Crime

Droga, tráfico e contrafacção ilegais geram quase 2 mil milhões de euros por ano

27 mar, 2017 - 14:20

Estudo da Global Financial Integrity (GFI) revela que o tráfico de seres humanos rende anualmente cerca de 138,2 mil milhões de euros, seguido do alojamento ilegal e a pesca ilícita.

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O crime transnacional gera anualmente entre 1,47 e 2,02 mil milhões de euros, segundo um relatório publicado esta segunda-feira pela Global Financial Integrity (GFI), uma organização de investigação e consultadoria sedeada em Washington.

O estudo da GFI - com o título "Crime Transnacional e Mundo em Desenvolvimento" - sublinha que a combinação de lucros elevados e riscos baixos para os agentes do crime transnacional com o apoio de um sistema financeiro mundial “sombrio” são um estímulo para a perpetuação destes abusos.

A contrafacção, com montantes gerados entre 849,3 mil milhões e 1,04 biliões de euros e o tráfico de droga, com lucros na ordem 392,1 mil milhões e 600,1 mil milhões de euros são as actividades que mais pagam aos criminosos transnacionais.

"A comunidade internacional prestou até agora muito pouca atenção ao combate ao branqueamento de capitais no crime transnacional, preferindo, ao invés, forcar-se nos materiais ou nas manifestações dos crimes", sublinhou o presidente da GFI, Raymond Baker, especialista em questões relacionadas com a criminalidade financeira, num comunicado que acompanha o relatório.

"O combate ao crime transnacional precisa de ser redireccionado para o dinheiro que esse crime gera. Isto implica acabar com o sistema financeiro sombrio que facilita a movimentação secreta de fundos gerados de forma ilícita. Nada disto é difícil tecnicamente. É uma questão de vontade política", acrescentou Baker.

Channing May, a autora deste estudo, afirmou no mesmo comunicado que "o crime transnacional é um negócio, e um negócio muito bom", sublinhando que "o dinheiro é a primeira motivação destas actividades ilegais".

"Por detrás deste conjunto de bens ou produtos ilegais existem tendências consistentes nas redes organizadas em torno destes crimes, o papel do sistema financeiro global e as consequências negativas para os governos, economias e sociedades nos países em desenvolvimento", acrescentou a analista.

"Muito raramente os lucros do crime transnacional se traduzem em benefícios a longo termo para o cidadão, economias ou países em desenvolvimento. Pelo contrário, estes crimes minam as economias locais e nacionais, destroem o ambiente e colocam em perigo a saúde e bem-estar das populações", disse ainda Channing May.

Os crimes mais lucrativos

Entre as actividades mais lucrativas no conjunto da criminalidade transnacional estudada, o tráfico de seres humanos rende anualmente um montante estimado nos 138,2 mil milhões de euros; o alojamento ilegal vale entre 47,8 e 144,5 mil milhões de euros e a pesca ilegal gera proveitos entre os 14,3 e 33,5 mil milhões de euros.

"A natureza sistemática do crime transnacional pede uma abordagem alargada no seu combate", afirmou Christine Clough, gestora de programas na GFI, que participou também no estudo conduzido por May.

"Uma maior transparência financeira tem o potencial para cortar simultaneamente todos os crimes transnacionais em qualquer parte do mundo", acrescentou a especialista.

"As redes envolvidas nestes mercados ilícitos são semelhantes a corporações internacionais: precisam de acesso aos sistemas financeiros e bancos para continuarem a ser rentáveis e a operar. Dependem do secretismo e do anonimato que lhes é oferecido por um sistema financeiro global sombrio para lavar o seu dinheiro e manterem o sucesso internacional das suas empresas", rematou Christine Clough.

A GFI recomenda ainda aos governos passos firmes no sentido da obrigarem as empresas a identificarem sempre nos seus registos os últimos beneficiários dos respectivos negócios; a sinalizarem como de alto risco todas as transacções que envolvam indivíduos ou empresas sedeadas em paraísos fiscais, exigindo informação documentada mais minuciosa; e - entre outras medidas - a escrutinarem em todas as importações eventuais sinais de falsificação de facturas, que podem denunciar tráfico técnico ou físico.

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  • Filipe
    27 mar, 2017 évora 19:11
    Acrescente , o tráfico de seres humanos e crianças ou apoio ao terrorismo e tráfico de armamento pesado , aqui sim deviam ser constituídas equipas para acabar de vez num Portugal tão pequeno e com tantos magistrados e forças de segurança , incluindo as forças armadas , mas não ! Interessa apanharem um caso , quando mil estão a encoberto de gente graúda com informações internas seguras para o ocorrerem sem serem apanhados . Dá muitos milhões a muita gente e desgraça muitas famílias e coloca qualquer cidadão em Portugal em risco diário . Mas o que interessa é a justiça abrir processos e mandar prender pessoas porque alegadamente ganham 100 e dão 1000 a mulheres . Devem os agentes da justiça e forças de segurança em Portugal , enterrarem a cabeça de vergonha na areia da praia .

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