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Costa agradece aos portugueses o "melhor défice da nossa vida democrática"

24 mar, 2017 - 20:15

Primeiro-ministro satisfeito com confirmação pelo INE do défice de 2,1% em 2016.

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O primeiro-ministro, António Costa, agradeceu esta sexta-feira aos portugueses a "grande compreensão" pelo esforço feito pelo país para atingir, em 2016, "o melhor défice" da vida democrática de Portugal, 2,1% do PIB, que também demonstra como os "preconceitos" não se ajustam à realidade.

Em Roma, onde participa no sábado nas comemorações dos 60 anos dos Tratados fundadores da União Europeia, António Costa salientou "o facto de o Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje ter confirmado que Portugal teve em 2016 o melhor défice da nossa vida democrática e a demonstração de que havia uma alternativa de política que produz melhores resultados".

"Quero nesta ocasião felicitar particularmente o ministro das Finanças, agradecer a todos os meus colegas de Governo o grande esforço que fizeram e agradecer sobretudo aos portugueses a grande compreensão que têm tido pelo esforço que temos feito para poder corrigir a nossa trajectória de finanças públicas e a compreensão que têm manifestado por não termos conseguido ir tão rápido quanto todos desejávamos para melhorar a qualidade dos nossos serviços públicos", disse.

Ainda à luz das polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre os países do sul da Europa, António Costa comentou que o valor do défice de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) confirmado esta sexta-feira pelo INE "demonstra seguramente que os preconceitos, como habitualmente, têm pouca adesão à realidade".

António Costa advertiu, todavia, que "este é um esforço que não acabou", sobretudo devido ao elevado nível de dívida, e apontou que "este esforço de consolidação tem de ser um esforço duradouro e sustentável, que permita continuar a recuperação de rendimentos, a melhorar o investimento na qualidade dos serviços públicos, em particular na área da educação, na área da saúde, na área da segurança".

"É esse o esforço que vamos continuar e, este resultado alcançado em 2016, dá-nos a todos mais confiança de que é possível prosseguir a trajectória este ano, em 2017, e nos próximos anos, permitindo a Portugal de uma vez por todas virar a página deste ciclo de austeridade, mas também deste ciclo de incerteza sobre as suas finanças públicas", declarou.

Para o chefe de Governo, este é, no entanto, "um esforço compensador" e "este resultado demonstra bem que foi possível combinar rigor orçamental com a criação de mais de 118 mil postos de trabalho, aumentando os rendimentos das famílias e criando melhores condições para o investimento por parte das empresas".

Em linha com a previsão do Governo

O INE divulgou esta sexta-feira que o défice orçamental ficou nos 2,1% do PIB em 2016, em linha com o previsto pelo Governo e um valor que abre caminho ao fim do Procedimento por Défices Excessivos (PDE).

Na primeira notificação ao Eurostat, no âmbito do PDE, o INE refere que, em contas nacionais, as que contam para Bruxelas, o défice das Administrações Públicas fixou-se em 3.807,3 milhões de euros no conjunto do ano passado, o que corresponde a 2,1% do PIB.

Este valor está em linha com a última previsão do Governo, uma vez que o ministro das Finanças, Mário Centeno, garantiu no parlamento que o défice "não seria superior a 2,1% do PIB".

O caminho para sair do PDE

O valor reportado esta sexta-feira ao Eurostat abre a porta para que Portugal saia do PDE aplicado ao país desde 2009, por ser inferior não só ao valor de referência de 3,0% previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), mas também da meta mais exigente, de um défice de 2,5% do PIB, definida para o país aquando do encerramento do processo de aplicação de sanções.

De todo o modo, o encerramento do PDE não deve acontecer antes de Maio, porque, para que isso aconteça, é preciso que a correcção do défice seja considerada duradoura, o que implica que o défice de 2016 não ultrapasse os 3,0% do PIB nos próximos anos (e que as previsões da Comissão Europeia da primavera para os anos de 2017 e 2018 o indiquem) e da análise ao Programa Nacional de Reformas, que o Governo tem de remeter a Bruxelas até ao fim de Abril.

O défice registado em 2016 fica abaixo do défice de 4,4% do PIB registado no conjunto de 2015 (ou 7.826 milhões de euros).

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  • Fausto
    25 mar, 2017 Lisboa 14:20
    Grande martelada que Costa deu na direita...era óbvio...a vida dos portugueses e das empresas portuguesas continua uma bosta...uma sem números de leis esmifra contribuinte continua a crescer como um monstro papão...
  • João Lopes
    25 mar, 2017 Viseu 12:43
    Portugal foi o único país que registou em 2016 uma subida na sua taxa de juro de longo prazo; a dívida pública no país aumentou em 2016 depois de ter baixado em 2015; o investimento público desceu em 2016 ao seu nível mais baixo dos últimos vinte anos: sacrificaram assim a “qualidade dos serviços públicos”, atrasaram os pagamentos e houve demasiadas cativações: os serviços vão-se degradando; houve também a amnistia fiscal (PERES); houve corte do investimento; os números do crescimento são muito modestos. Agradecer porquê?

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