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Parlamento pede demissão de Dijsselbloem a uma só voz

24 mar, 2017 - 13:32

Numa entrevista publicada segunda-feira, o líder do Eurogrupo declarou que "não se pode gastar tudo em copos e mulheres e depois pedir ajuda", referindo-se aos países do sul da Europa.

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A Assembleia da República foi unânime na condenação das polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, mas recusou um ponto pela rejeição de diversos compromissos com a União Europeia (UE) exigida pelo PCP.

Os votos de repúdio ou condenação apresentados por PSD, PS, BE e CDS-PP, que reclamavam também a demissão do ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, da liderança do Eurogrupo (o conselho informal dos 19 estados-membros com moeda única) foram aprovados por unanimidade esta sexta-feira.

Já o texto dos comunistas, que protestava contra as "palavras insultuosas" de Dijsselbloem e repudiava "nova ameaça de sanções a Portugal pelo Banco Central Europeu (BCE)" viu o seu ponto n.º4 - pela rejeição do Tratado Orçamental, diplomas de Governação Económica e processo do Semestre Europeu - chumbado por PSD, PS e CDS-PP, além da abstenção do PAN.

Os restantes três pontos do voto do PCP - sobre as declarações, as pressões europeias e a ingerência da UE - foram aprovados por todas as bancadas menos a social-democrata e a democrata-cristã.

"As declarações são inaceitáveis, quer na forma, quer no conteúdo. Atentam contra o cargo que exerce. O PSD não tolerará que se amesquinhe os esforços dos portugueses para recuperar o país", insurgiu-se o deputado social-democrata Miguel Morgado, durante o período de debate sobre os votos.

A secretária-geral-adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, reafirmou a "condenação às palavras insultuosas e vergonhosas, xenófobas, racistas e populistas, que tendem a dividir a Europa e a ir contra o desígnio do projecto europeu", considerando-as "condenáveis", mesmo que proferidas por um membro da família política socialista.

"O BE repudia em toda a linha as declarações que foram feitas pelo ainda presidente do Eurogrupo, o seu teor preconceituoso, machista e xenófobo. São absolutamente inaceitáveis", disse a deputada bloquista Isabel Pires.

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, argumentou que "concentrar as atenções nas declarações sobranceiras, sexistas e xenófobas ou na personagem é só parte do problema", sendo igualmente condenável a "atitude de domínio de Estados-membros sobre outros Estados-membros", exemplificando com outras afirmações recentes do ministro das Finanças alemão ou posições do BCE.

"As declarações são inaceitáveis e devem levar à demissão imediata do ministro socialista das Finanças da Holanda", vincou o democrata-cristão Mota Soares, acrescentando que aquelas palavras "separam o norte e sul, devedores e credores, bons e maus".

O deputado de "Os Verdes" José Luís Ferreira declarou que o seu partido se associava aos votos de protesto e de repúdio relativos a "um dos grandes impulsionadores das políticas de austeridade que nada resolveram e só agravaram os problemas", o qual deveria antes falar sobre "o dinheiro que países como Portugal perdem na ajuda à banca, nomeadamente a holandesa, e quando as empresas deslocam as suas sedes para a Holanda para maiores benefícios fiscais".

Numa entrevista publicada segunda-feira num jornal alemão, o membro do Partido Trabalhista holandês afirmou que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda", referindo-se aos países do sul da Europa, que foram alvo de auxílio externo.

Comentários
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  • Patricia Sousa
    25 mar, 2017 Vouzela 15:17
    A deputada do bloco na Europa diz que no parlamento europeu aparecem muita voz a dizer o mesmo.Então que fazem as mulheres Portuguesas lá no Parlamento Europeu para contrariar esta impressão? Será que também vão para os copos lá.em Bruxelas? Se forem bebam com moderação.Se não ainda acrescentam que são bêbadas e eles bêbados.
  • Antonio Almeida
    24 mar, 2017 V.N. de Gaia 18:45
    Já não se pode dizer as verdades....
  • Fernando
    24 mar, 2017 Paredes 16:18
    Que era muito mais aconselhável o politicamente correto, concordo....mas tanta indignação...até parece que o país não está brutalmente endividado,...e quem são os indignadas(os), a Dra Manuela Leite, o Dr. António Costa, e que tais...ainda não conheço a posição do Engº José Sócrates, ...
  • Aurélio
    24 mar, 2017 Feteiras 16:15
    Grande alarido !!! Toda a gente sabe que o homem tem razão no que disse e certamente pensa. Mas todas as vozes que lemos e ouvimos são de condenação e exigência de demissão. Melhor seria o silêncio (passar ao lado) antes que o homem se "desbronque" e a controvérsia fique mais acesa e mais inconveniente.. EU CONCORDO, com a devida correcção do sentido (figurado) da sua frase para o contexto e texto real em que é realmente aplicável. É que até no nosso País se diz há muitos anos que "O Norte trabalha e o País goza dos rendimentos" e nunca li / ouvi alguém insurgir-se contra esta outra "blasfémia".
  • Carlos Silva
    24 mar, 2017 Amora - Seixal 16:06
    Ele que desapareça e leve o "AGIL" e outros cabotinos como ele, para nosso bem estar!
  • PORTELA
    24 mar, 2017 MAFRA 16:03
    Este holandês utilizou palavras erradas e que são ofensivas. Se ao longo de já longos anos o dinheiro que nos chega da europa não fosse gasto em falsas formações, falsos investimentos, e grande saque por parte dos gabinetes de advogados e economistas sempre bem infiltrados em tudo que cheira a dinheiro fácil, certamente que o dito holandês não tivesse tantos argumentos...
  • fanã
    24 mar, 2017 aveiro 15:50
    Sr Fernando , excelente ironia verídica.
  • JULIO
    24 mar, 2017 vila verde 15:37
    CLARO QUE OS POLITICOS MORREM DE VERGONHA AO OUVIR ESTAS VERDADES ELE SABE PORQUE DISSE ISTO
  • desatina carreira
    24 mar, 2017 queluz 15:32
    esse holandês PIG não e muito amigo do ministro das finanças alemão o RODAS então juntem dois mais dois
  • ss
    24 mar, 2017 Sabugal 15:25
    Eu proponho que a declaração do Sr Fernando abaixo seja mesmo enviada ao Sr. Jeroen Dijsselbloem. BRILHANTE !!!

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