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​Um quinto do que os portugueses comem não consta da roda dos alimentos

16 mar, 2017 - 08:02

Estudo nacional sobre hábitos alimentares revela consumo a mais de carnes, ovos e peixe. Há também mão pesada no açúcar e no sal.

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Os portugueses estão cada vez mais afastados da dieta mediterrânica. O mais recente Inquérito Alimentar Nacional (que não se fazia desde 1980) revela que os portugueses abusam da carne, peixe, ovos, sal e açúcar e 21% do que comem nem sequer consta da roda dos alimentos.

Segundo o jornal “Público”, que teve acesso ao documento que vai ser apresentado publicamente esta quinta-feira na reitoria da Universidade do Porto, nestes 21% incluem-se alimentos como refrigerantes, néctares/sumos, cafés/chás/infusões, vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas.

No que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas, o estudo revela que, por exemplo, 5% dos idosos (105 mil) bebem todos os dias mais de um litro de vinho.

A roda dos alimentos aconselha que o consumo de carnes, ovos e pescado deve representar apenas 5% dos alimentos que consumimos. O inquérito feito agora conclui que os portugueses comem o triplo (15%). Mais de 3,5 milhões de pessoas comem mais de 100 gramas de carne por dia, o que, dizem os investigadores, faz soar todos os alarmes de prevenção de cancro do cólon.

Em sentido contrário, as leguminosas e os cereais que deviam representar 32% do que consumimos, fica-se pelo 17%. Quanto aos hortícolas os portugueses comem metade do que aconselha a roda dos alimentos (11% de consumo face aos 23% aconselhados).

Sopas salgadas

O abuso de sal não é novidade mas um dos problemas que o estudo detectou é que parte desse abuso passa pelas sopas. Os portugueses consomem em média 7,3 gramas por dia, "Pomos muito sal na sopa", diz Carla Lopes, uma das três pessoas que coordenam este estudo, lembrando que o excesso de sal vai muito além do consumo de alimentos salgados, como o bacalhau.

Do lado das boas notícias, está o consumo de gorduras. A esse respeito, os portugueses respeitam as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Não usam nem mais, nem menos gorduras e óleos do que é indicado para a sua saúde.

Famílias sem dinheiro para comer bem

Apesar do discurso de retoma da crise económica, o estudo revela que uma em cada 10 famílias portuguesas admite que não come melhor por falta de capacidade financeira. O fenómeno verifica-se em todo o pais mas com maior expressão nas Regiões Autónomas (13,4%) e menos no Algarve (5,8%).

O estudo aborda ainda a questão do consumo de produtos biológicos sendo esta a preferência de 11,6% dos inquiridos.

O documento revela que 22,3% dos portugueses são obesos. Açores e Alentejo são as zonas do país com piores resultados a nível de obesidade.

O estudo foi feito por um consórcio de investigadores de várias áreas da Universidade do Porto. Foram realizadas 6.553 entrevistas presenciais, em todo o territórios, entre Outubro de 2015 e Setembro de 2016.

Comentários
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  • antonio pais
    16 mar, 2017 lisboa 11:20
    Talvez porque não se consiga fazer uma laimentação equilibrada, quer por falta de dinheiro, que por vezes por falta de educação alimentar.
  • sei lá
    16 mar, 2017 santarém 11:14
    realmente não faz sentido, apela-se ás pessoas para envergarem por uma alimentação com produtos alimentares mais saudáveis mas quando chegamos aos hipermercados temos este exemplo :carnes de porco com preços muitos mais baratos ao invés de carnes de aves são muito mais caras . Outro exemplo massas a 0.40 a 0.60 cêntimos e quando vamos ás verduras vemos feijão verde a 2,50 ou 3 euros o kg. Para quem tem ordenados mínimos ou reformas baixas (como as de invalidez) torna-se incomportável, portanto a ideia destes hipermercados é fazer dinheiro ESTÃO-SE NAS TINTAS PARA A SAÚDE DOS CLIENTES.
  • Pantufas
    16 mar, 2017 Lisboa 10:31
    ACTUALMENTE SO OS PARASITAS DA FUNÇÃO PUBLICA É QUE TÊM DINHEIRO PARA COMER DECENTEMENTE

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