15 mar, 2017 - 15:10 • Paula Caeiro Varela , Eunice Lourenço
É uma conferência com três ex-líderes do CDS, organizada por uma tendência interna do partido e tem o alto patrocínio do Presidente da República, bem patente no selo inscrito no cartaz. O apoio de Marcelo Rebelo de Sousa a uma iniciativa partidária causou surpresa no meio político e até incómodo dentro do próprio CDS
A conferência “Democracia cristã, contem-nos lá!” está marcada para dia 25 de Março no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa.
Fontes do CDS admitiram à Renascença esse incómodo, não só por se tratar de uma iniciativa de uma tendência interna – a Esperança em Movimento -, mas também porque a conferência tem como convidados três ex-presidentes do partido: Adriano Moreira, José Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, que até já abandonou o CDS e criou um outro partido, o Partido da Nova Democracia, que, entretanto, também já abandonou.
Além de Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, a conferência conta com a participação de Adriano Moreira, conselheiro de Estado. E é, precisamente, essa participação que a Presidência da República usa para justificar o alto patrocínio de Marcelo.
“O Presidente da República dá o seu alto patrocínio à conferência sobre um tema político onde está um seu conselheiro de Estado. Não dá ao CDS, nem à tendência”, justificou à Renascença o assessor do Presidente da República para a comunicação social, Paulo Magalhães.
“O debate político é vital para a sociedade e aquela conferência tem a mais-valia de ter um conselheiro de Estado”, acrescenta Paulo Magalhães, lembrando também que “a democracia cristã é um dos elementos fundadores da democracia portuguesa”.
O incómodo do CDS, contudo, terá chegado à Presidência e ao Presidente, em concreto, que ainda no domingo fez questão de ser fotografado ao lado da líder do CDS, Assunção Cristas, na procissão do Senhor dos Passos da Graça, em Lisboa.
A Renascença sabe que a decisão do alto patrocínio da conferência não chegou ao Presidente, foi tratada através da assessoria política que não se terá dado conta do melindre que o selo da Presidência no cartaz poderia causar.