13 mar, 2017 - 08:21
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Uma combinação de factores terá levado à derrocada na Rua Damasceno Monteiro, na zona lisboeta da Graça, há duas semanas.
“Desde a ocupação de uma zona com características difíceis, com declive muito acentuado, um muro muito antigo com características pouco adequadas para assegurar uma estabilidade a muito longo prazo, novas construções que não terão acautelado as condições de segurança da encosta e o próprio envelhecimento dos materiais leva a que estas coisas possam acontecer”, refere à Renascença Fernando Marques, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
As obras devem sempre “ter manutenção e inspecções periódicas”, sobretudo, em casos que reúnem tantos factores de risco, defende o especialista em deslizamento de terras. Em Lisboa, são várias as zonas mais sensíveis, nomeadamente as situadas “na periferia das colinas” e bairros mais antigos.
O aluimento na Rua Damasceno Monteiro ocorreu com a cedência de um muro de contenção pertencente a um condomínio privado, situado na parte de cima da rua, com um jardim e uma piscina.
O muro tinha, de início, algumas aberturas destinadas a drenar as águas, mas os moradores queixaram-se à administração de algumas inundações nos terraços, decorrentes daquelas aberturas.
A solução encontrada pela administração do condomínio foi tapar os furos. “Os buracos têm a função de drenar o excesso de água existente no terreno e esses furos de drenagem das águas deviam ser objecto de manutenção periódica, não de encerramento”, critica Fernando Marques.
“O acumular de águas leva ao aumento do peso dos terrenos e a circulação de águas impõe esforços sobre as estruturas e os terrenos, o que põe em causa a sustentabilidade. É, por isso, de todo desaconselhável”, sublinha.
A derrocada obrigou à evacuação de vários prédios, deixando 49 pessoas desalojadas. E só daqui a alguns meses é que deverão poder regressar a casa.
O ideal, na opinião do especialista, seria que todos os edifícios fossem destruídos, o muro de contenção todo renovado e os edifícios depois novamente construídos.