Afinal, quantos resíduos produzimos em Portugal?

Os dados da Agência Portuguesa do Ambiente e os da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos não coincidem. O alerta chega da associação ambientalista Zero.

Por explicar fica, assim, o desaparecimento de quase 200 mil toneladas de resíduos recolhidos, mas que não aparecerem nos locais de tratamento.

Além disso, “há dados sobre os sistemas de tratamento de resíduos que estão na ERSAR que não estão correctos. Há dois casos exemplificativos, da Resinorte e da Resiestrela, que dizem que reciclam mais resíduos orgânicos do que aqueles que existem”, denuncia o ambientalista Rui Berkemeier.

Na opinião deste especialista em resíduos, “não é aceitável que as entidades públicas recebam dados que não estão minimamente correctos e os despejem para um relatório sem os validarem. É bastante grave porque descredibiliza todo o sistema de reporte de dados sobre resíduos”.

Portugal desconhece, assim, a quantidade de resíduos sólidos urbanos que produz e recicla. A não existência de um sistema único de gestão de resíduos torna tudo mais difícil.

Num comunicado enviado este domingo às redacções, a associação indica ainda ser impossível indicar, assim, qual a taxa de reciclagem de resíduos urbanos em 2015 nem perceber os verdadeiros dados da recolha selectiva.

A Zero pede, por isso, que o Ministério do Ambiente tome medidas para que seja criado um sistema credível de recolha e validação de dados nesta matéria.

Portugal tem, no âmbito da Comissão Europeia, metas a cumprir na reciclagem do lixo urbano, mas não está, neste momento, “em condições de apresentar dados credíveis”, defende Rui Berkemeier.

"Há muitas questões em jogo, não só ambientais, como as taxas de reciclagem e compromissos europeus, mas também fluxos de dinheiro entre entidades gestoras de embalagens, entre os sistemas e o Estado. Se não houver dados credíveis, todo o sistema é posto em causa", alerta.