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Implante de "coração artificial" mostra que "medicina portuguesa está a par do mais avançado que se faz"

10 mar, 2017 - 12:45

Doente que recebeu "meio coração" deve ter alta daqui a duas semanas, diz, em entrevista, José Fragata, o cirurgião responsável pelo primeiro implante de "coração artificial" em Portugal.

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Entrevista ao médico José Fragata

“Os portugueses podem estar muito tranquilos. A medicina portuguesa está a par do que se faz de mais avançado”, diz José Fragata, o cirurgião cardiotorácico que esta semana fez o primeiro implante de um dispositivo de assistência circulatório interno, conhecido como “coração artificial”

Em declarações no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, José Fragata reconhece que o sistema de saúde pode “pecar aqui e ali por algumas questões de organização”, mas, “do ponto de vista técnico", nada há "a temer na comparação”.

O primeiro "coração artificial" em Portugal foi implantado na segunda-feira com sucesso a um doente de 64 anos que sofria de insuficiência cardíaca e não podia receber um coração transplantado devido aos danos que lhe provocaria a medicação nos rins.

José Fragata explica que, em bom rigor, o dispositivo que foi implantado é “meio coração”. “O doente mantém o coração dele, mantém o ventrículo direito a funcionar, mas o ventrículo esquerdo está vazio”, detalha. O aparelho agora colocado junto ao coração biológico “é uma bomba aspirante premente, que aspira sangue e que injecta sangue no corpo todo”.

Implante de coração artificial. "É como um telemóvel" com bateria para 17 horas
Implante de coração artificial. "É como um telemóvel" com bateria para 17 horas

Antes desta entrevista, José Fragata falou com o paciente. O homem, de 64 anos, está a recuperar bem e poderá ter alta em breve.

“O que é expectável é que estes doentes, correndo tudo bem, permaneçam cerca de duas semanas no hospital. Antes de vir para aqui, passei pelo hospital e [o doente] está bem, está a evoluir bem. Estive a falar com ele, sente-se mais forte hoje, os parâmetros estão bem e estamos optimistas de que as coisas vão correr bem”, descreve.

Uma vez dada a alta, o doente poderá ter uma vida praticamente normal.

Este paciente juntou-se aos 1.200 que em todo o mundo receberam um "coração artificial" desta geração e que chegam a viver 11 a 12 anos.

A cirurgia durou três horas e foi muito participada e, principalmente, assistida por profissionais curiosos que quiseram testemunhar a intervenção inédita em Portugal.

Como manter um coração saudável

Antes desta operação, o doente “ainda não estava agarrado à cama, mas estava agarrado a casa” e tinha de ser “sucessivamente internado”.

“Inicialmente, recusou fazer esta intervenção”, confidenciou o médico, mas depois aceitou por não ter outras alternativas.

E o que se pode fazer para manter o coração saudável? José Fragata diz que os genes têm muita importância, mas “não se pode confiar demasiado na genética”.

“É muito importante não fumar, evitar o sedentarismo, manter bons níveis do colesterol e a tensão arterial controlada”, remata.

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