09 mar, 2017 - 15:10 • Maria João Costa
Rodrigo de Matos é cartoonista e define-se como um cidadão do mundo. Nasceu há 41 anos, em Silva Porto, em Angola, viveu 15 anos no Brasil e está há sete em Macau. Colabora com o semanário “Expresso” em Portugal e com vários jornais internacionais. Em Macau trabalha também para o diário “Ponto Final”, que completou 25 anos em 2016.
A assinalar os 25 anos do jornal e os dez de carreira, Rodrigo de Matos preparou a exposição “25+10” patente no edifício do antigo Tribunal de Macau, onde decorre o Festival Literário Rota das Letras.
Define o seu trabalho como “uma espécie de olhar sobre o que se passa no mundo”.
Para o cartoonista, que fala um Português que revela a sua passagem pelo Brasil, o risco de exercer a profissão é igual ao de ser jornalista e fala mesmo em “missão”.
“Qualquer jornalista tem de procurar onde estão as incongruências e os paradoxos dos acontecimentos”, diz Rodrigo de Matos, ao explicar à Renascença que o cartoon procura “exacerbar” esses acontecimentos “com humor”.
Não quer “impor” o seu ponto de vista com os seus cartoons. Espera que “o leitor reflicta sobre os acontecimentos e forme a sua própria opinião”. Mas conclui que “não tem de ser igual” à sua.
Em tom de brincadeira, o cartoonista que venceu em 2014 o Prémio Europeu de Cartoon fala do facto de viver noutro fuso horário. Diz mesmo que vive no futuro e explica: “Uma das coisas engraçadas que teve a minha vinda para Macau foi o facto de estar a viver no futuro porque aqui estamos adiantados sete, por vezes oito horas”. Enquanto trabalha, em Portugal ainda se dorme e quando envia os seus desenhos para o “Expresso” ainda o dia está por nascer em Portugal.
Em Macau a Renascença perguntou a Rodrigo de Matos se poderia criar os seus cartoons em qualquer outro lugar. Responde sem margem para dúvida. Poderia, mas só num “sítio em que haja um acesso livre à informação através da internet”. É aí que encontra a sua “matéria-prima”.
“Vivo actualmente em Macau, que é uma região administrativa especial da China. Tem regras muito próprias e diferentes do que acontece na China continental, onde o meu trabalho seria um pouco mais dificultado por não poder aceder a um certo número de meios internacionais. Mas a partir de Macau é possível”, explica o português que olha para o mundo de forma diferente.