03 mar, 2017 - 21:30 • Paula Caeiro Varela , Susana Madureira Martins
O médico João Semedo é o nome escolhido para candidato do Bloco de Esquerda para a Câmara do Porto. A Renascença sabe que o nome deve ser aprovado no plenário concelhio do partido desta sexta-feira à noite.
João Semedo já foi coordenador do Bloco de Esquerda durante dois anos (de Novembro de 2012 a Novembro de 2014), em co-liderança com Catarina Martins. Também já foi candidato às câmaras de Gondomar (2005), Vila Nova de Gaia (2009) e Lisboa (2013).
Foi, precisamente, depois das autárquicas de 2013 que lhe foi diagnosticado um cancro nas cordas vocais, que acabaria por obrigá-lo a deixar o Parlamento, em 2015. Ficou sem cordas vocais, sem laringe e sem falar, pediu a reforma ao fim de 42 anos de actividade profissional e política.
Nascido em Lisboa, em 1951, João Semedo foi para o Porto em 1978 e foi aí que exerceu como médico e também desenvolveu a sua actividade social e política. Com pouco mais de 20 anos tinha entrado na União do Estudantes Comunistas (UEC) e manteve-se no PCP até 2003, apesar de ter saído do Comité Central logo em 1991.
Ainda em 2003 participou na criação da Renovação Comunista, mas no ano seguinte foi já nas listas do Bloco de Esquerda que foi candidato ao Parlamento Europeu em 2004.
Eleito deputado pelo Bloco em 2005 e reeleito em 2009 e 2011, acabou por renunciar ao mandato em 2015 por ter perdido a voz.
“Estou agora bastante bem, bastante melhor, muito optimista e cheio de vontade de reaprender a falar, processo que será longo, como acontece com uma criança, se excluirmos a componente cognitiva e simbólica da aprendizagem da fala. Essa, acho que me posso dispensar de reaprender... Mas daqui a uns meses, julgo que já poderei fazer-me ouvir. E, claro, confio que esta última cirurgia tenha finalmente arrumado com o tumor. Olho para o futuro com essa perspectiva e essa confiança”, dizia em entrevista ao diário I em Agosto de 2015.
Entretanto, já recuperou em parte a voz e voltou à actividade política e social como promotor do manifesto pela morte assistida, que daria origem a uma petição já discutida no Parlamento e também ao ante-projecto de lei do Bloco de Esquerda para a legalização da eutanásia.