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Portugal vai a Almaraz com Bruxelas

27 fev, 2017 - 07:40

Ambientalistas da associação ZERO lamentam ausência de ONG na comitiva. Visita de portugueses faz parte do acordo alcançado com Espanha e anunciado na semana passada.

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Uma delegação de Portugal visita esta segunda-feira a central nuclear de Almaraz, em Espanha. A comitiva é liderada pelo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, e inclui técnicos das direcções-gerais da Energia e do Ambiente e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, bem como representantes da Comissão Europeia.

Além da central nuclear, a delegação vai visitar o armazém temporário individual de resíduos radioactivos, na origem da mais recente polémica entre os vizinhos ibéricos.

O acordo sobre o assunto foi anunciado na semana passada. Lisboa comprometeu-se a retirar a queixa contra Espanha em Bruxelas e Madrid a manter Portugal informado.

Do acordo resulta ainda esta visita, que tinha um prazo de dois meses para ser realizada, e que tem como objectivo recolher toda a informação necessária a determinar se as condições de funcionamento da central e a construção do novo armazém de resíduos terão efeitos significativos no território português.

A comitiva não inclui ambientalistas de organizações não-governamentais (ONG), o que mereceu as críticas da associação ZERO.

Em comunicado, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável considera que "a ausência de especialistas das ONG" não permite "um desejável acompanhamento por parte da sociedade civil e uma maior transparência do processo".

Na mesma nota, a associação apela ao Governo português que esclareça se Espanha vai emitir uma nova declaração de impacte ambiental, se haverá uma discussão pública sobre o impacto transfronteiriço do armazém temporário de resíduos, e com base em que documentos, e qual o calendário dos trabalhos previstos.

Na opinião da ZERO, "falta esclarecer devidamente as contrapartidas que tenham sido negociadas com a Comissão Europeia e/ou Espanha" quanto a "interligações nas áreas da electricidade e gás natural e que seduziram Portugal para a retirada da queixa" junto da Comissão Europeia.

A central nuclear de Almaraz situa-se a 100 quilómetros da fronteira portuguesa e utiliza o rio Tejo para refrigeração. Portugal apresentou uma queixa à Comissão Europeia por não ter conhecimento de qualquer estudo de impacto ambiental transfronteiriço sobre a construção de um armazém de resíduos na mesma zona.

Mas no dia 21, última terça-feira, a Comissão Europeia anunciou que os governos de Portugal e Espanha alcançaram uma "resolução amigável" para o litígio em torno da central nuclear de Almaraz, com Lisboa a retirar a queixa apresentada a Bruxelas.

Apesar das críticas dos ambientalistas e dos partidos políticos, que alegam que o acordo representa um recuo de Portugal, os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente, João Matos Fernandes, defendem que, no final dos dois meses de trabalho conjunto, será feita a avaliação dos trabalhos e que o Governo português poderá voltar a apresentar queixa à Comissão Europeia.

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  • 27 fev, 2017 17:43
    ... O fecho de Almaraz? Por tudo o que se tem dito e escrito esse é único final que se aceita como bom? Sei e todos sabemos que o aterro de resíduos nucleares vai ser construído e por isso não se compreende o que é “um bom acordo”. Do lado de lá no mesmo dia do anúncio do arranque da obra para muito breve ouviu-se um argumento simples e eficaz, “podem os portugueses estar descansados porque para além de tudo vamos garantir a segurança do povo espanhol”. Nesta linha o que do lado de cá o que se deve exigir é conhecer detalhadamente o projeto, as medidas de segurança que vão ser tomadas e o programa de monitorização. Isto é, aproveitar a “boleia” para garantir que as intervenções em Almaraz diminuem o risco, mas não, como quase sempre é o faz de conta. (publiquei isto a 19 de janeiro) Entretanto o governo Português fez o possível, um passo em frente. Uma associação Zero? Zero é zero.
  • 27 fev, 2017 11:31
    ... O fecho de Almaraz? Por tudo o que se tem dito e escrito esse é único final que se aceita como bom? Sei e todos sabemos que o aterro de resíduos nucleares vai ser construído e por isso não se compreende o que é “um bom acordo”. Do lado de lá no mesmo dia do anúncio do arranque da obra para muito breve ouviu-se um argumento simples e eficaz, “podem os portugueses estar descansados porque para além de tudo vamos garantir a segurança do povo espanhol”. Nesta linha o que do lado de cá o que se deve exigir é conhecer detalhadamente o projeto, as medidas de segurança que vão ser tomadas e o programa de monitorização. Isto é, aproveitar a “boleia” para garantir que as intervenções em Almaraz diminuem o risco, mas não, como quase sempre é o faz de conta. (publiquei isto a 19 de janeiro) Entretanto o governo Português fez o possível, um passo em frente. Uma associação Zero? Zero é zero.
  • AM
    27 fev, 2017 Lisboa 10:23
    É por estas e por outras noticias, que eu gosto do sentido de busca de noticias, aqui na RR. Sim, porque a RR, não é o CM.(...) Pois! A nossa bandeira.

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