Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

"​Jornal de Angola" critica justiça portuguesa: "Custa ver tanta falta de vergonha"

26 fev, 2017 - 09:18

Director adjunto fala numa "campanha internacional especialmente orquestrada para denegrir a imagem de Angola e dos seus principais dirigentes neste ano de eleições".

A+ / A-

O “Jornal de Angola” retoma este domingo as críticas a Portugal, afirmando que "custa ver tanta falta de vergonha", a propósito da divulgação pela comunicação social do processo na justiça portuguesa envolvendo o vice-presidente angolano, Manuel Vicente.

A posição é apresentada como "simples nota de rodapé" no espaço semanal de opinião do director do jornal, detido totalmente pelo Estado angolano, assinado pelo director adjunto, Victor Carvalho, intitulado "Palavras desadequadas" e essencialmente dedicado a críticas ao líder da UNITA, Isaías Samakuva, o maior partido da oposição.

No artigo do Jornal de Angola é sublinhada a "justeza da nota de protesto" que o Ministério das Relações Exteriores angolano emitiu, na sexta-feira, sobre o "modo como as autoridades portuguesas divulgaram um suposto caso de Justiça" envolvendo o vice-Presidente da República, Manuel Vicente.

"A maneira leviana como as autoridades portuguesas 'permitiram' a fuga de informação que levou para a imprensa lusa esta 'notícia', é a confirmação daquilo que aqui já havia sido dito sobre a existência de uma campanha internacional especialmente orquestrada para denegrir a imagem de Angola e dos seus principais dirigentes neste ano de eleições", lê-se no artigo.

O Ministério Público português acusou formalmente, há cerca de uma semana, entre outros, o vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) Manuel Vicente, no âmbito da "Operação Fizz", relacionada com corrupção e branqueamento de capitais, quando ainda estava na petrolífera estatal.

Este artigo do Jornal de Angola acrescenta: "Apesar de estarmos preparados para isso, a verdade é que nos custa ver tanta falta de vergonha, sobretudo vinda da parte daqueles que se dizem nossos amigos".

O jornal estatal angolano tinha já feito manchete, na edição de sábado, com a ameaça às relações entre os dois países que este caso representa, a propósito do comunicado emitido no dia anterior pelo Ministério das Relações Exteriores que classificou como "inamistosa e despropositada" a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola.

A diplomacia angolana, nesse comunicado, protestou veementemente contra as referidas acusações, "cujo aproveitamento tem sido feito por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados".

No documento do Ministério, refere-se que as autoridades angolanas tomaram conhecimento "com bastante preocupação, através dos órgãos de comunicação social portugueses", da acusação do Ministério Público português "por supostos factos criminais imputados ao senhor engenheiro Manuel Vicente".

Para o Governo angolano, a forma como foi veiculada a notícia constitui um "sério ataque à República de Angola, susceptível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados".

"Não deixa de ser evidente que, sempre que estas relações estabilizam e alcançam novos patamares, se criem pseudo-factos prejudiciais aos verdadeiros interesses dos dois países, atingindo a soberania de Angola ou altas entidades do país por calúnia ou difamação", sublinha a nota.

O Governo português está desde 2016 a preparar a visita oficial do primeiro-ministro António Costa a Angola, prevista para a próxima primavera.

Contudo, já esta semana, a visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, a Angola, que deveria ter começado na quarta-feira, foi adiada "sine die", no dia anterior, "a pedido das autoridades angolanas, aguardando-se o seu reagendamento", anunciou em comunicado o Ministério da Justiça português.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • desconfiados
    27 fev, 2017 Santarém 22:49
    Afinal com que valores morais e não só chegou o MPLA ao poder em Angola para criticar outros que apesar de muitos defeitos lhes poderão dar lições de moral todos os dias enquanto eles e outros no seu continente incapazes de exprimirem algum sentimento democrático mantêm o povo oprimido e cada vez mais escravizado, o mar mediterrâneo disso é prova todos os dias onde milhares de fugitivos arriscam a vida à procura de um mundo melhor desiludidos certamente com o paraíso comunista que ilusoriamente lhes prometeram; com tanta desconfiança e protecionismo correm o risco de ficar cada vez mais isolados do resto do mundo e mais à mercê dos interesses alheios.
  • jose
    27 fev, 2017 Oeiras 14:06
    Li isto no FB e penso que diz tudo. Foi escrito pelo membro de uma família com história e credibilidade tanto no MPLA como na luta de libertação de Angola: Estou a pensar no seguinte: As autoridades portuguesas suspeitam que um magistrado seu se envolveu num acto de corrupção, no seu território, fazendo arquivar um processo em troca de um pagamento ilícito. Incorrendo, por isso, num crime. As autoridades portuguesas investigaram e concluíram que o corruptor é um cidadão angolano, que praticou o acto em benefício próprio. Detiveram o magistrado envolvido e, para além disso, descobriram que ele também violava o segredo de justiça, remetendo informação para um importantíssimo agente da justiça angolana. Procederam, como é norma, à acusação, referindo os factos e os nomes de todos os envolvidos na tramóia. Será, pois, correcto o nosso Estado envolver-se até à medula na defesa da nossa "dama", questionando, inclusive, o futuro das relações entre os dois países, quando o suposto corruptor angolano até agiu no seu interesse privado? De modo algum ele o fez em nome é muito menos no interesse de Angola. Para mim, o correcto seria o cidadão angolano despir-se do cargo público que detém e colocar-se ao dispor das autoridades que o acusam, para, assim, procurar provar a sua eventual inocência. É, pois, exagerada e inoportuna a ideia de uma retaliação, sobretudo, porque não se deve confundir o que é privado com o que é de todos nós. Esta não é uma forma correcta de honrar o nome de Angola
  • Otário cá da Quinta
    26 fev, 2017 Coimbra 16:32
    Olhe Sr. Antonio Rodrigues, não se esqueça também que aqui nesta minha terra, também há muitos angolanos e muitos a comer à minha custa, com benefícios que muitos portugueses não têm e não se esqueça que há grandes fortunas nas mãos de gente angolana e que no fundo pertencem a Portugal ! VEJA LÁ !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!O
  • Barsanulfo
    26 fev, 2017 alcains 16:30
    Parece que PORTUGAL ainda não conseguiu ,40 anos após conceder, e bem, do meu ponto de vista, a independência a esta corja de malfeitores, do "complexo de colonizador". Mas afinal, o país deve alguma coisa a Angola? por quanto tempo mais teremos nós, europeus, "não bronzeados" , que escutar as cavalidades desta choldra negra endinheirada, com mão sujas dos diamantes de sangue e de petro-dólares furtados ao povo Angolano, hoje com saudades do antigo "colonizador" que os tratava bem melhor, apesar de tudo? Expliquem-me, porque motivo, os sucessivos governos, têm cúmplice e silenciosamente, permitido que o país seja para esta "escuridão" de colarinho branco e "rolex de ouro " no pulso, um verdadeiro off shore, uma lavandaria dos milhões de milhão que subtraem ao povo angolano? Sem o escrutinio de outros países, têm em Lisboa, a porta aberta, sem perguntas incómodas, livre trânsito para comprar, empresas de comunicação, televisões etc, lavar milhões . E não venham com o argumento do "investimento" dos postos de trabalho em Luanda etc etc , porque já meio afundados na corrupção, esvaíram a economia angolana, já não pagam a ninguém. Antes pelo contrário estão a contribuir para a falência e desemprego de empresas nacionais, já atoladas naquele caos. Sim , até quando meio envergonhados, de cócoras perante estes insultos, vamos continuar a permitir que passemos de colonizadores a colonizados, pela inculta elite e generalada semi analfabeta angolana ??? É tempo de dizer basta
  • Otário cá da Quinta
    26 fev, 2017 Coimbra 16:27
    Têm toda a razão. SE OS PORTUGUESES TIVESSEM UM POUCO DE VERGONHA, já vos tinham mandado à fava, mas infelizmente temos de aguentar esta gente sem vergonha. OLHEM SENHORES COM MUITA VERGONHA, na verdade deviam de ter é vergonha pela miséria existente aí em Angola e ficarem caladinhos só porque a justiça portuguesa está a fazer o seu serviço, COISA QUE NÃO É FEITA AÍ EM ANGOLA. Mas claro, também aqui temos muitos como vocês.
  • Antonio Rodrrigues
    26 fev, 2017 Viseu 13:15
    É sobejamente sabido que os partidos da direita, e algumas pessoas, que se dizem PS, caso João Soares e Francisco Assis, são extremamente contra o regime angolano MPLA e sim a favor da UNITA. Ora vamos lá pôr os pontos nos Is; sabendo-se que António Costa e sua comitiva iriam visitar Angola, na próxima Primavera, e, sabendo-se que o Ministério da Justiça é composto única e simplesmente por magistrados da direita, logo a explicação desta notícia arrasadora! Lembro aqui que para esta seita de gente, não contam as consequências, que daí possam advir, para centenas de milhares de portugueses que trabalham em Angola.
  • Luís
    26 fev, 2017 Póvoa de Varzim 13:10
    KKKK é Carnaval....
  • ac
    26 fev, 2017 lx 12:49
    Concordo totalmente Sr Carlos Gonçalves Mas isso é um espelho da ideologia comunista que ainda resta no mundo
  • Joao Oliveira
    26 fev, 2017 Dublin 12:33
    Vergonha deveriam ter quem quer que ordenou o Jornal de Angola a escrever tal artigo. Com uma população na miséria absoluta, sem educação e cuidados de saúde adequados, enquanto uma elite tem índices de corrupção inacreditáveis, e vem por em causa outro pais que faz muito melhor com menos recursos. Em Angola os governantes fazem o que querem, e ainda ficam ofendidos por nao o poderem fazer no estrangeiro, e quando o fazem, enfrentam as leis que, bem ou mal, funcionam!
  • Jose Rebelo
    26 fev, 2017 Lisboa 12:24
    Vejo comentários que demonstram uma grande falta de coerência, Portugal tem muitos defeito mas existe separação de poderes, coisa que não se passa em Angola. Se houvesse, não havia estas críticas porque tem a ver com o poder judicial, independente do executivo. Contrariamente a Angola em que o Estado controla tudo, com uma corrupção ao mais alto nível e o povo a viver miseravelmente. Recordo que enquanto lá estavam os Portugueses, e não se trata de saudosismo, havia água potável em Luanda, electricidade permanente etc. Já lá vão uns bons anos e então!!!!regrediu !!!!A final só demonstra que aquele País apenas se destina a uma certa casta!!!! A prova mais que evidente verificou-se ainda estes dias, com alguns manifestantes a quererem contestar o Ministro A. Interna e foram varridos pela polícia. É este o sistema democrático que defendem? Só estão a destruir o País e massacrar o povo. É pena que o País é maravilhoso e chegava para todos terem uma vida digna. Não culpem Portugal, culpem os corruptos que roubam o povo.

Destaques V+