24 fev, 2017 - 01:37 • Eunice Lourenço
O encontro desta sexta-feira entre a presidente do CDS, Assunção Cristas, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, serve para “respirar” e não deixar que se instale qualquer asfixia no sistema.
“O sistema constitucional dá para estas formas de respirar. Aquilo que acho que vamos ter nessa reunião é precisamente isso: respirar, porque senão entramos todos em asfixia”, disse Diogo Feio à Renascença.
O Presidente da República recebe esta tarde a presidente do CDS que lhe vai apresentar as suas queixas e preocupações sobre a condução dos trabalhos no Parlamento, mais concretamente no que tem a ver com a comissão de inquérito parlamentar à Caixa, onde a oposição se queixa de ver a sua actividade de fiscalização bloqueada pela esquerda.
Antes, Marcelo almoça com o presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues, para tentar desfazer qualquer ideia de conflito entre os dois órgãos de soberania.
Marcelo não terá gostado da forma como a líder do CDS anunciou, em pleno debate quinzenal, na quarta-feira, que tinha pedido uma audiência em Belém para dar conta ao Presidente dos bloqueios que a maioria de esquerda tem feito à oposição no Parlamento. Ferro, que presidia aos trabalhos, reagiu de imediato, dizendo que a sua porta estava sempre aberta para receber Assunção.
O presidente da Assembleia da República – o número dois na hierarquia do Estado – deixou logo ali bem claro que não tinha gostado. E em Belém também não agradou a forma como o anúncio do encontro foi feito. Por isso, e para tentar ‘desagravar’ Ferro, Marcelo almoça com o socialista antes de receber a Presidente do CDS.
Diogo Feio, contudo, diz que não há aqui qualquer tensão. Para o coordenador do gabinete de estudos, a reunião entre Cristas e Marcelo não cria qualquer problema entre os dois órgãos de soberania. “Muito pior seria viver-se um clima de tensão continuada sem que eu saísse de uma lógica oposição vs maioria que apoia o Governo”, disse o antigo deputado e eurodeputado à Renascença.
“Acho mais do que natural que a presidente do CDS tenha pedido esta audiência e o Presidente também percebeu que é extraordinariamente positivo poder ter uma forma de diálogo, neste caso com o CDS”, afirma Diogo Feio, salientando que esta forma de actuar também marca “uma diferença” para com o PSD que “não sentiu essa necessidade” de pedir para falar com o Presidente.