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O Reino Unido entre os dois “Trainspotting”: Da discoteca para o ginásio

23 fev, 2017 - 16:00 • Hugo Monteiro

Cerca de 20 anos depois do primeiro “Trainspotting”, chega, esta quinta-feira, às salas de cinema portuguesas o novo “T2 Trainspotting”. A sequela é novamente realizada por Danny Boyle e protagonizada pelo elenco original. A Renascença foi perceber o que mudou, fora do grande ecrã, para quem vive no Reino Unido, nos últimos 20 anos.

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Ao fim de 20 anos, Mark Renton regressa à Escócia e vai à procura dos amigos - Sick Boy, Spud e Begbie. Duas décadas depois, as personagens de “Trainspotting” regressam, esta quinta-feira, às salas de cinema portuguesas. Mais velhas, com as suas angústias e expectativas - são, afinal, um reflexo do que mudou em 20 anos.

Mas, fora do grande ecrã Como era ser jovem no final dos anos 90 e início do novo milénio no Reino Unido? E como é ter agora 40 anos e viver na Grã-Bretanha?

Em 2002, a portuguesa Sónia Gonçalves trocou Gondomar por Londres, para estudar. Recorda que, para quem “trocou os subúrbios do Porto para estudar numa universidade no centro de Londres”, tudo era “muito excitante”. “Havia gente de todo o mundo, o ambiente era muito multicultural, havia muita vida social, muitas lojas, muitas discotecas, muitos restaurantes”, recorda.

Na altura “havia mais pessoas sem-abrigo e os britânicos bebiam muito”. Culturalmente e socialmente, “havia um movimento mais alternativo, muito ‘Trainspotting’”. Agora o movimento é diferente, “muito menos ‘clubbing’, com um foco menor nas drogas e nas saídas nocturnas, e muito mais ginásios e ‘healthy lifestyle’ - uma perspectiva mais de vida saudável”. Sónia Gonçalves nota que em Londres abriram “muitos ginásios ‘super-boutique’, muito sofisticados, assim como muitas lojas, por exemplo, de produtos naturais, orgânicos”.

E isso reflecte-se no estilo de vida dos jovens britânicos que estão, cada vez mais, a preferir “acordar cedo para correr no parque, em vez de ficarem acordados até às seis da manhã na discoteca”.

Sónia Gonçalves é, aos 39 anos, professora universitária na capital britânica. Foi em Londres que casou e teve uma filha.

De uma juventude em que se multiplicavam os obstáculos para conseguir emprego, hoje em dia, a maior dificuldade para um “quarentão” na capital inglesa é conseguir uma casa no centro: “O mercado imobiliário tornou-se muito difícil. É muito complicado ser adulto em Londres. O mercado de trabalho pode oferecer salários milionários, mas é apenas para um nicho.”

Como professora universitária, esta portuguesa lida, todos os dias, com jovens britânicos que, actualmente, vivem com a perspectiva do que será o Reino Unido depois do Brexit. Por enquanto, diz Sónia Gonçalves, são cada vez mais os que se preparam para trabalhar fora do país.

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