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Costa deixa aviso a patrões. É “boa altura para estabilizar" a lei do trabalho

23 fev, 2017 - 10:36 • Susana Madureira Martins

"Só o investimento continuado e persistente permitirá resolver os bloqueios estruturais da economia portuguesa", diz o primeiro-ministro.

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António Costa avisa o patronato que, a bem das empresas, as leis laborais precisam de estabilizar. O aviso foi deixado, esta quinta-feira, na conferência “Moldar o Futuro” promovida pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a decorrer em Lisboa, onde falou ainda da concertação social e das negociações sobre contratação colectiva.

“Andamos há anos a rever a legislação de trabalho. É, talvez, boa altura para a estabilizar”, disse o governante, acrescentando que “como se viu não foram quatro revisões da legislação do trabalho que alteraram o perfil de crescimento da nossa economia”.

"Não é aceitável que 10% dos contribuintes que declaram rendimentos do trabalho se encontrem abaixo do limiar da pobreza. Essa pobreza tem de ser erradicada a par da pobreza infantil. É fundamental não repetirmos o erro de diagnóstico sobre quais são os problemas estruturais”, afirmou.

Perante uma plateia de algumas dezenas de empresários, o primeiro-ministro defendeu “ que é necessário seguir as boas práticas que têm provado ser possível ter relações de trabalho que reforcem a coesão e contribuam para a melhoria da produtividade das empresas”.

No Centro de Congressos de Lisboa, Costa apelou à necessidade de “assegurar e proteger o valor da concertação social, mas o valor da concertação social tem que se desenvolver a todos os níveis”, defendendo algo que o PCP tem vindo a insistir: é preciso que a concertação social se desenvolva “ao nível da contratação colectiva, ao nível do diálogo social ao nível de cada empresa”.

Política de mentira

Durante a conferência da CIP, o presidente do Fórum para a Competitividade, criticou esta posição do primeiro-ministro sobre a estabilização das leis laborais, considerando que Costa “falou mal”.

“Vir-se dizer que se cristaliza a situação actual não me parece que seja nenhum progresso, é desistir de ter mudanças que são indispensáveis numa área onde era preciso mudar”, disse Pedro Ferraz da Costa, acrescentando que se “tem vivido uma política de mentira” nos últimos dois anos: “Crescemos em 2016 menos do que em 2015, crescemos em 2016 nos sítios e objectivos que não estavam na política governamental, a política estava desajustada”.

Para Ferraz da Costa, o crescimento do turismo em 2016 deu-se “porque o terrorismo internacional varre turistas para cá e as políticas públicas andam atrás disso”.

Na abertura da conferência, o patrão dos patrões, António Saraiva, lançou o isco sobre a necessidade de reestruturação da dívida pública. “Não podemos deixar de encontrar soluções e de aliviar o pesado fardo da dívida pública portuguesa”.

Mas o presidente da CIP alertou para o facto de que “a solução não passará decerto por pedidos de perdão da dívida ou decisões unilaterais por parte de Portugal” e que este “tipo de medida seria contraproducente” dado que “elevaria” o risco dos mercados e fragilizaria a banca. Aqui, defendeu a reestruturação dessa dívida “que aconteça pela positiva e leve a maior crescimento”

Sobre esta matéria nem uma palavra do primeiro-ministro que falou logo a seguir ao presidente da CIP, na abertura desta conferência - com o alto patrocínio do Presidente da República - e que, de resto, será encerrada por Marcelo Rebelo de Sousa.

Comentários
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  • COSTA ILUSIONISTA
    23 fev, 2017 Lx 16:35
    Um pantomineiro e vendedor de ilusões este Costa mais a sua geringonça...Não tem uma visão estratégica para o país e nós vamos pagar isto a breve trecho enquanto o vendedor da banha da cobra nos levará ao lodo mais uma vez pela mão dos xuxas. 2011 não está muito longe por muito que estes kamaradas "ladrem"...Infelizmente, os nossos filhos e netos vão ter que pagar os direitos adquiridos da rapaziada que só tem direitos e não tem deveres...
  • XUXAS MANIPULADORES
    23 fev, 2017 Lx 16:19
    Qualquer dia só haverá funcionários públicos e de empresas públicas com este encantador de serpentes.Por isso, ninguém investe um tostão em Portugal kamaradas...Arriscar o dinheiro com os geringonços? Só se os empresários fossem burros que não o são... Por isso, os jovens partem e fazem bem para o estrangeiro e não voltam mais com gente desta a gerir os destinos do país.Uns pantomineiros estes xuxas de trazer por casa...Uns vendedores da banha da cobra e que só trazem miséria.Onde existiu socialismo e comunismo sempre existiu imensa miséria. Conheço os países de Leste e fiquei elucidado com o nível do comunismo e socialismo existente que só trouxe miséria e nepotismo e falta de democracia. Voltámos ao tempo do PREC com a geringonça.Por isso, este país não avança e nunca avançará com estes socialismos de encantadores de serpentes.
  • COSTA DEMAGOGO
    23 fev, 2017 Lx 16:02
    O maior demagogo e vendedor da banha da cobra só ultrapassado pelo seu mestre do anterior governo do PS, Sócrates...Um populista ou melhor, um Trump à moda de Portugal pois mente e altera factos conforme a sua conveniência..Um artista que nos vai deixar de tanga...o resto são balelas que a seu tempo cairão por terra.
  • ruy
    23 fev, 2017 15:38
    Uma carga fiscal e contributiva durante todo ano sobre as empresas quem é que quer investir só um burro !
  • zé Tuga
    23 fev, 2017 conchinchina 14:53
    Ele pensa que os empresários são patetas. A lei laboral portuguesa é uma das piores do mundo, e isso é um dos motivos do pouco investimento em Portugal. Não adianta ele dizer que venham para Portugal, que é um país de sol etc. etc. , investidores não querem saber disso, querem investir e ter o seu investimento a render bem, além de que querem estabilidade política. Ninguém acredita neste país, os políticos e neles o Costa incluído, não respeitam contratos, haja visto TAP,, transportes do Porto e outros. Os investidores sabem disso.
  • rosinda
    23 fev, 2017 palmela 12:56
    Juntem-se todos e facam o trio harmonia!
  • António
    23 fev, 2017 Portugal 11:30
    Com os impostos que este senhor aplica admira que ainda existam tantos empresários. Se este cobrador de impostos trabalhasse é que fazia bem.
  • Cidadao
    23 fev, 2017 Lisboa 11:02
    Investimento sim. O problema é que o Patronato de cá, quer isenções e apoios em bardea, legislação laboral que legalize uma semi-escravatura, salários irrisórios, horários de trabalho de 10/12 horas a salário minimo e sem pagamento de extraordinárias, etc. Falta de visão, de capacidade de gestão efectiva, e insistência no modelo dos baixos salários coisa que ninguém já usa na Europa desde a década de 70. Temos muitos "Nunos Carvalhos" e poucos empresários a sério, por cá. E sendo assim, ou Legislação Rigorosa para prevenir os abusos habituais, ou esperar uma nova geração de Empresários, esses, com outra mentalidade e capacidade de gestão.

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