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​Pai preocupado com riscos da "net" cria youtube para filhos

23 fev, 2017 - 11:00

Para os especialistas, a exposição das crianças e jovens aos ecrãs é um problema patológico quando ultrapassa as oito horas por dia.

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Agosto de 2016, duas crianças de cinco anos em férias escolares. Os gémeos de João Pina Souza entretinham-se com o tablet quando o pai começou a ficar inquieto com a exposição dos filhos a conteúdos pouco adequados.

Foi nessa altura que decidiu criar o Tubezito, uma espécie de youtube direccionado para crianças entre os 3 e os 10 anos de idades. Tudo em português.

“Tem séries, as músicas que eles gostam, tem as músicas de filmes e a parte educativa, filmes para aprender as cores, as letras”, descreve João , garantindo a total segurança das crianças quando estão neste site.

“Todo o site foi feito sem qualquer acesso a botões, não há hipóteses de partilha, para o facebook ou para qualquer outro link externo”, explica.

Nestas declarações ao programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, o criador do Tubezito garante que “qualquer pai podia fazer este site, pois usou tecnologias que estão acesso a qualquer um”.

Ao aperceber-se do sucesso que o Tubezito fez entre os filhos, João Pina Souza resolver dar uma prenda de Natal a todos os pais portugueses e, a 21 de Dezembro de 2016, tornou o site público.

“Num mês, já tinha 150 mil utilizadores e um milhão de visualizações”, diz.

Crianças demasiado expostas?

Na edição desta quinta-feira debateu-se a exposição das crianças e dos jovens aos ecrãs (televisão, tablets, smartphones, consolas, computadores).

O pedopsiquiatra Pedro Strecht não tem dúvidas que “a maioria dos adolescentes passa demasiado tempo junto de tecnologias” e referiu alguns dados que considera preocupantes. “Num país com 10 milhões de habitantes há 16 milhões de telemóveis. Num país onde há um quinto da população infantil e juvenil a viver abaixo do limiar de situação de pobreza, há uma média de quase três ecrãs de televisão por casa”, contabiliza.

Este especialista diz ainda que há estudos que apontam para uma realidade que tem de ser levada em conta: “durante a semana, a maioria dos jovens passa duas horas por dia em frente ao ecrã de televisão e ao fim-de-semana ainda mais”.

Mas, afinal, quanto tempo é aceitável que as crianças e jovens passem em frente aos ecrãs?

“Depende. Não podemos cortar a internet da nossa vida, pois veio para ficar”, diz o psiquiatra João Gonçalves, mas garante que “mais de 8 horas por dia já entra num campo patológico”.

Para ajudar a resolver este problema, a psicóloga clínica Mariana Machado defende que “negociar o tempo de utilização é o que resulta melhor”, bem como o diálogo aberto com os mais novos: “explicar porque é que se estão a pôr os limites ao uso dos ecrãs”.

Estes especialistas referem ainda que os comportamentos de risco dos jovens que podem vir a degenerar em dependências, semelhantes às das drogas ou álcool, afectam mais os miúdos urbanos. Por isso, defendem a importância de “esfolar os joelhos”.

Comentários
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  • Gabriel Silva
    11 mar, 2020 14:18
    Hoje as crianças passam muito tempo na internet, para evitar qualquer coisa instalei um aplicativo espião no celular para saber com quem estão conversando, ainda sei localizar remotamente. https://brunoespiao.com.br/espiao-de-wifi
  • Judite Gonçalves
    23 fev, 2017 Barreiro 12:08
    Não admira que as crianças e jovens passam muito tempo na televisão, no telemóvel e meios afins, mal as crianças nascem a primeira coisa que os pais fazem e colocar-lhe uma tablete nas mãos. Depois não admira que eles fiquem viciados. No meu caso pessoa tenho um filho com 12 anos, ele já estudava pouco a partir do momento que lhe passamos um telemóvel para as mãos aí é que ele não quis saber mais de nada, nem estudo, nem trabalhos de casa nem o que quer que seja. Se tiver um telemóvel, uma televisão ou um computador com acesso à net nem come para passar lá o mais tempo possível e só sai para ir à casa de banho em passo de corrida. É muito fácil os miúdos ficarem viciados. E se nós não lhes restringirmos ao máximo a net, eles não fazem mais nada. Mas parece que para os pais é mais fácil. Enquanto estão quem esses aparelhos todos não chateiam.
  • Carolina N
    23 fev, 2017 11:50
    Acho fantástica a iniciativa, mas não é a única. Existe já o Youtube Kids, está na Apple Store e Google Play. Tem funcoes bastante semelhantes, o menu de busca pode estar bloqueado, não tem anúncios, não há partilhas e pode ser seleccionado para idades especificas (all kids, pre-school, school age), além de que também dá para por um timer. Qualquer dos botoes que a crianca carregue que nao sao indicados para ela, a app bloqueia e pede um codigo que pode ser estipulado pelos pais ou esta por escrito...para as criancas que nao sabem ler.

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