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Uma cruz negra por cada casa a demolir. Segundo dia de tensão na ilha do Farol

23 fev, 2017 - 10:23

Polícia Marítima volta a acompanhar os técnicos da Sociedade Polis para que a tomada de posse administrativa das habitações a demolir se concretize.

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A Sociedade Polis Ria Formosa e a Polícia Marítima voltaram, esta quinta-feira de manhã, ao núcleo do Farol da ilha da Culatra, distrito de Faro, para prosseguir com a tomada de posse administrativa das habitações que deverão ser demolidas daqui a um mês.

Os proprietários voltaram a protestar e marcaram cada uma das casas que deverão ser demolidas daqui a um mês com uma cruz negra.

Além disso, e sempre unida, a população encostou-se em grupos aos muros das 19 casas visadas nesta quinta-feira, para impedir que o edital da tomada de posse administrativa fosse fixado.

Pelo meio, gritos com palavras de ordem: "é uma pouca-vergonha", "ilhéus unidos jamais serão vencidos" e "é vergonhoso o que fazem com o povo". Os moradores entoaram ainda o hino nacional.

Apesar disso, o comandante Pedro Palma, da Polícia Marítima, garante que está tudo “a correr bem”.

“Estávamos preparados para isto. A Polícia Marítima é uma polícia de proximidade e os populares têm estado a acatar os pedidos”, indica ao repórter da SIC no local.

No meio da confusão, houve apenas uma senhora de mais idade que se sentiu mal, mas rapidamente socorrida pelos elementos da Cruz Vermelha que também se encontram no local. No final, acabou por ser um mero caso de tensão alta, criado pela exaltação do momento.

No local estão 40 agentes da Polícia Marítima, uma enfermeira, uma embarcação do Instituto de Socorro a Náufragos e a Cruz Vermelha.

Além da contestação no terreno, a população avançou com várias providências cautelares em tribunal, o que tem impedido a tomada de posse administrativa de algumas habitações. Por exemplo, na quarta-feira, foram concretizadas 12 das 15 tomadas de posse previstas.

A Sociedade Polis Litoral Ria Formosa foi criada em 2008 para realizar uma operação integrada de requalificação e valorização da orla costeira na Ria Formosa, entre Vale do Lobo, no concelho de Loulé, e Vila Real de Santo António.

A primeira fase de intervenções nas ilhas-barreira começou em 2014, na Praia de Faro e em alguns ilhotes. Estavam previstas 400 demolições, mas os critérios foram revistos são agora cerca de 55 as habitações visadas.

A contestação tem sido sempre maior no núcleo do Farol, na ilha da Culatra.

Para 2 de Março está marcada a tomada de posse administrativa no núcleo dos Hangares, em Olhão, prevendo-se mais protestos, pois a comunidade das ilhas mostra-se unida.

O processo só deverá ser revisto novamente dentro de um ano e as demolições deverão avançar dentro de um mês. Mas a população promete lutar até à última. Ao seu lado têm os partidos da esquerda, PCP e Bloco de Esquerda, que pedem que os núcleos habitacionais sejam reconhecidos e nenhuma casa seja demolida.

Comentários
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  • Pantufas
    23 fev, 2017 Lisboa 17:00
    EU SOU PORTUGUES TAMBEM LA QUERO UMA CASA.
  • Luis Santos
    23 fev, 2017 Almada 14:20
    Se calhar é melhor agora uma cruz negra por cada casa demolida, do que daqui por algum tempo uma cruz negra por cada vida perdida quando a ilha for engolida pelas águas! Que acham?
  • Francisco António
    23 fev, 2017 Lisboa 13:41
    Nestas situações de construir anexos, casotas e moradias há oportunismo à fartasana dos moradores. Construir em terrenos dos quais não são donos ... é uma maravilha. Ou seja: em terreno público, muitos destes "pescadores" de fim de semana...querem ter qualidade de vida e isenções. Havendo regras...toca a demolir !
  • zita
    23 fev, 2017 lisboa 13:14
    Então onde andam os Bloquistas e os comunistas?

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