22 fev, 2017 - 17:26
O CDS pediu uma audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para denunciar o que se passa no parlamento com o caso da Caixa Geral de Depósitos.
O anúncio foi feito esta quarta-feira, em pleno debate quinzenal, no Parlamento, pela líder do CDS-PP, Assunção Cristas.
“O que se passa neste momento no Parlamento é de tal forma grave que eu própria pedi uma audiência ao senhor Presidente da República, que ocorrerá na sexta-feira, para denunciar o que se passa neste Parlamento”, declarou Assunção Cristas.
A líder do CDS acusa a esquerda de “oprimir direitos da oposição” e de “impedir a descoberta da verdade”, numa referência ao caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
“Ao contrário desta maioria de esquerda que utiliza recursos parlamentares inadmissíveis em democracia para impedir a descoberta de toda a verdade, ao contrário desta maioria da esquerda unida que oprime os direitos da oposição no Parlamento e isso é muito grave. Deste lado não há medo nenhum de descobrir a verdade, de inquirir, de ouvir as respostas”, garantiu.
O anúncio de Assunção Cristas motivou uma dura troca de palavras entre a bancada do CDS e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
"Não sei o que é que a senhora deputada vai denunciar ao senhor Presidente da República, mas sabe que a porta do meu gabinete está sempre aberta para todos os deputados", respondeu o socialista Ferro Rodrigues.
O líder parlamentar centrista, Nuno Magalhães, disse por sua vez que "o CDS é um partido político que escolhe com quem fala e como fala".
"Nós pedimos a audiência ao senhor Presidente da República porque o senhor presidente [da Assembleia da República], quando o CDS e o PSD levaram esta questão à conferência de líderes, disse que era um mau serviço à democracia, disse que não era nada consigo. Ainda nos acusou de instrumentalizar a conferência de líderes. Quem fechou a porta na cara neste Parlamento ao CDS e ao PSD, e às regras democráticas, foi o senhor presidente", atirou Nuno Magalhães.
Ferro Rodrigues ripostou às críticas centristas: "Senhor deputado não desconhece a Constituição da República, a separação de poderes entre a Assembleia da República e a Presidência da República. Penso que a bancada do seu partido também não deve desconhecer".
O debate quinzenal desta quarta-feira ficou ainda marcado pelo caso das declarações de rendimento dos administradores da Caixa Geral de Depósitos e ainda pela fuga de dez mil milhões de euros para paraísos fiscais.
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou esta quarta-feira que os sociais-democratas levarão "até às últimas consequências" o apuramento do caso das transferências não detectadas para paraísos fiscais, dizendo que farão o contrário da "ocultação" do Governo e maioria na Caixa.
O líder comunista, Jerónimo de Sousa, disse, ironicamente, que os anteriores governantes de PSD/CDS-PP vão culpar uma qualquer "empregada da limpeza" pela alegada "fuga" de capitais para "offshore" entre 2011 e 2015.