Queijo da Serra em risco. Há cada vez menos ovelhas

Há cinco anos que o número de ovelhas na Serra da Estrela está a diminuir, colocando em risco o futuro do Queijo da Serra certificado.

O aviso parte da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE), que abrange 18 municípios dos distritos de Viseu, Coimbra, Guarda e Castelo Branco.

Segundo o seu presidente, Manuel Marques, em 2012 havia cerca de 120 mil ovelhas das duas raças autóctones de cujo leite é feito o queijo com denominação de origem protegida (DOP): "bordaleira" e "churra mondegueira". Hoje, são 75 mil as cabeças existentes.

“Qualquer dia, o leite produzido pelas raças da Serra da Estrela não chega para o queijo que é consumido no país”, alerta, pedindo ao Governo e às autarquias que avancem com novas medidas de apoio à produção, recorrendo para tal aos fundos europeus do Portugal 2020.

Manuel Marques lamenta que, no ano passado, tenha sido feita "uma alteração substancial à lei", retirando aos criadores um apoio anual de 15 euros por cada ovelha. Esse apoio existia ao abrigo das chamadas "medidas agroambientais" e era um incentivo ao aparecimento de novos rebanhos e ao desenvolvimento do mundo rural, com financiamento da União Europeia.

Agora, “os pastores estão a viver com muitas dificuldades” e são cada vez menos. "A maioria da região tem idades acima dos 50 a 60 anos”, diz à agência Lusa.

“Não há incentivos a esta parte da agricultura, que é a mais rentável, mas também a mais difícil", sublinha ainda o também vereador de Nelas e filho de pastores, considerando que “a política de subsídios à agricultura e pecuária está errada há muitos anos”.

Na sua opinião, é preciso, no caso da ovinicultura da Serra da Estrela, incentivar o aparecimento de novos rebanhos, pois a “diminuição substancial” dos efectivos de raças autóctones “ameaça a qualidade do queijo” certificado e compromete mesmo a capacidade dos criadores responderem à crescente procura deste produto DOP.

O presidente da ANCOSE destaca ainda que este é um sector que "cria trabalho e riqueza e também importante na prevenção dos incêndios florestais".