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Portugal desperdiça 100 milhões porque não aproveita o lixo orgânico

08 fev, 2017 - 10:18

"É desperdiçado um enorme potencial de produção de energia renovável e são inutilizados milhares de toneladas de nutrientes que poderiam ser devolvidas aos solos", alerta a associação Zero.

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Cerca de 40% dos bioresíduos que os portugueses deitam nos contentores de lixo indiferenciado podiam ser aproveitados para a para produção de energia, ou biogás, e de composto útil para a agricultura. A associação ambientalista Zero diz que Portugal desperdiça cerca de 100 milhões de euros por ano em nutrientes e matéria orgânica.

"Assim não acontece a mais de 70% da fracção orgânica dos resíduos sólidos urbanos", de acordo com dados analisados pela Associação Sistema Terrestre Sustentável - Zero, depois de disponibilizados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

Feitas as contas, a Zero estima que "sejam desperdiçados 100 milhões de euros por ano em matérias fertilizantes orgânicas" que poderiam ser utilizadas a baixo custo pelos agricultores, numa área em que Portugal compra mais ao estrangeiro do que aquilo que vende.

A associação ambientalista concluiu que dos 1,86 milhões de toneladas de bioresíduos presentes nos resíduos sólidos urbanos nacionais, por ano, mais de 1,3 milhões de toneladas continuam a ser encaminhados para aterros e para incineração, enquanto apenas 500 toneladas são valorizadas.

E terão sido produzidas 60 a 70 mil toneladas de composto, por ano, "números que carecem de fiabilidade porque nem toda a informação solicitada aos sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU) foi disponibilizada ou foi considerada válida", acrescenta a Zero.

Segundo a associação "é desperdiçado um enorme potencial de produção de energia renovável, que poderia ser injectada na rede eléctrica nacional para consumo dos portugueses e são inutilizados milhares de toneladas de nutrientes - e também matéria orgânica - que poderiam ser devolvidas aos solos".

As plantas que fazem parte da alimentação humana e animal retiram do solo nutrientes que é necessário voltar a colocar na terra, de modo a manter o seu equilíbrio e fertilidade, o que pode ser feito devolvendo os bioresíduos tratados e transformados em composto.

Entre as medidas propostas pela Zero para resolver a situação está a aposta na prevenção, sensibilizando os consumidores para um consumo responsável que previna desperdício de recursos, nomeadamente os alimentares, e a fixação de metas progressivas junto dos SGRU para a recolha selectiva porta-a-porta de orgânicos.

Criar um regime de excepção para possibilitar aos municípios promoverem a reciclagem de orgânicos com recurso a pequenas centrais de compostagem, fomentando a aplicação de composto em hortas comunitárias e em bancos de terras agrícolas municipais, e incentivar a compostagem doméstica, principalmente junto dos 45% de cidadãos que vivem em moradias, são outras possibilidades, a que acresce o incentivo ao consumo de produtos locais.

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