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​OCDE duvida da eficácia da descida do IVA na restauração

06 fev, 2017 - 10:36 • Paulo Ribeiro Pinto

No relatório sobre Portugal, a organização recomenda revisões nas taxas reduzidas dos combustíveis e volta à discussão sobre o aumento do salário mínimo.

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos acredita que os efeitos positivos da descida do IVA na restauração no emprego são pouco prováveis. No relatório sobre Portugal a OCDE recomenda revisões nas taxas reduzidas dos combustíveis e volta à discussão sobre o aumento do salário mínimo.

A redução diferenciada da taxa do IVA para a restauração foi introduzida a 1 de Julho do ano passado, passando de 23% para 13%. O Governo justificou a medida no relatório do Orçamento do Estado “com o objectivo de promover a criação de emprego”. É aqui que começam as dúvidas da OCDE sobre a virtude da medida. Para os técnicos da organização a experiência seguida em França sugere que os efeitos positivos no emprego “são muito baixos, sobretudo quando comparando com a perda de receita fiscal”.

Mas, para a OCDE, a redução da taxa do IVA tem outros efeitos, tornando o imposto menos eficiente. Além disso, escrevem os técnicos, “a medida em si é regressiva uma vez que os agregados mais ricos tendem a consumir desproporcionalmente mais refeições nos restaurantes do que os restantes.”

É sugerida uma avaliação profunda desta medida para analisar os efeitos no emprego e na receita fiscal.

Reconsiderar isenções nos combustíveis

A OCDE considera incompreensível que alguns impostos especiais sobre consumo nos continuem baixos, dando o exemplo dos combustíveis. Os técnicos da organização questionam por exemplo o caso do gasóleo que mantém taxas inferiores à gasolina, “não existindo justificação ambiental” para que tal aconteça.

No relatório dá-se ainda o exemplo do benefício fiscal para os combustíveis na agricultura e nas pescas. A OCDE recomenda que se “reconsidere” esta despesa fiscal, lembrando que outros impostos sobre o consumo como veículos e tabaco foram aumentados em detrimento de uma baixa no IRS.

Outra vez o salário mínimo

A OCDE regressa neste relatório à questão do Salário Mínimo Nacional. Tal como no documento divulgado no mês passado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos manifesta dúvidas sobre novos aumentos nos próximos anos atingindo os 600 euros em 2019.

A organização sublinha os riscos deste aumento futuro para a competitividade da economia portuguesa podendo “desfazer os avanços anteriores que são vitais para os exportadores. Na verdade, poderiam colocar muitos trabalhadores pouco qualificados fora do mercado de trabalho entrando em conflito com o objectivo de fortalecer as exportações”.

Os técnicos da organização lembram, de resto, que os “custos do trabalho são agora mais baixos do que na maioria dos países da Europa Ocidental, mas mais elevados do que na maior parte dos países da Europa de Leste em que alguns comparam de forma mais favorável a Portugal pela proximidade aos grandes mercados Europeus.”

A OCDE reconhece ainda que se o aumento do salário mínimo “pode ter efeitos positivos sobre a igualdade salarial, mas existe o risco de que possam exacerbar as desigualdades de rendimentos na medida em que reduzem as perspectivas para as pessoas com poucas qualificações de encontrar um emprego.”

Comentários
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  • Eborense
    06 fev, 2017 Évora 13:51
    Os únicos que não duvidam da eficácia da redução do IVA são os próprios donos dos restaurantes, que este ano vão meter ao bolso, pelo menos, mais 400 milhões de euros, à custa de quem trabalha. Espero que o Sr. Costa apresente aos portugueses, o número de empregos criados na restauração com a baixa do IVA.
  • AL BERTO
    06 fev, 2017 SUL 13:05
    Devem ter perguntado ao Luisinho Al buquerque
  • JC
    06 fev, 2017 charneca da caparica 12:44
    Pois duvidam, e duvidam porque a realidade destes senhores é bem diferente da realidade do cidadão comum, ou seja com mais IVA ou menos IVA o negócio e a clientela dos restaurantes de luxo que este senhores frequentam não deram por nada, mas todos nós sabemos porquê !!!!!
  • Antonio
    06 fev, 2017 evora 11:55
    Vou almoçar um dia por semana sempre ao mesmo restaurante. Quando o Iva SUBIU, aumentou os preços, passou a estar aberto ao Domingo e meteu mais dois empregados. Está sempre cheio e ganha mais dinheiro. Quando o iva Baixou não fez nada e não ser aumentar o sorriso com que anda na cara.
  • Carlos Silva
    06 fev, 2017 Leiria 11:43
    É uma questão de pôr a ASAE a fiscalizar mais e obrigar a investir por exemplo em novos equipamentos. Há muitos restaurantes em que só de olhar para a fritadeira, já se apanha um susto daqueles......
  • JE
    06 fev, 2017 LISBOA 11:22
    Claro! Medida puramente demagógica, eleitoralista e populista, como tudo o este governo faz: Criaram-se eventualmente mais empregos por via do aumento do turismo e não do Iva; Eventualmente cada Empresário da Restauração ficou com mais uns trocos no bolso e o País sem uns milhões, que certamente iremos pagar mais tarde; Enfim! mais uma medida de devolução de poder de compra à escala do tostão.

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