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​Estudo sobre suicídios na PSP e GNR propõe reforço de psicólogos e psiquiatras

31 jan, 2017 - 21:18

Entre 2007 e 2015, 51 militares da GNR e 38 agentes da PSP puseram termo à própria vida.

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Um reforço de psicólogos e psiquiatras na PSP e GNR para permitir um acompanhamento de proximidade é uma das medidas propostas no estudo "Prevenção do suicídio e comportamentos autolesivos nas forças de segurança", apresentado esta terça-feira, em Lisboa.

O estudo, encomendado pelo Ministério da Administração Interna (MAI) ao psiquiatra Jorge Costa Santos, propõe um reforço dos recursos técnicos da PSP e GNR que visem ampliar o apoio psicológico e psiquiátrico de proximidade, uma vez que "a especificidade das funções dos elementos das forças de segurança justifica um apoio diferenciado e a melhoria de condições dos técnicos".

"A existência de psicológicos e psiquiatras é importante, porque conhecem a especificidade das funções destes militares e agentes e facilita muito a intervenção", disse aos jornalistas Jorge Costa Santos.

Na PSP, existem psicólogos em 16 dos 20 comandos, enquanto na GNR o número é mais reduzido.

O estudo propõe igualmente a revisão das medidas cautelares de desarmamentos, tendo em conta que os agentes da PSP que se suicidaram entre 2007 e 2015 utilizaram a arma de serviço, mas há registo de militares da GNR que usaram a arma pessoal.

A divulgação dos resultados dos rastreios periódicos e aleatórios do consumo de álcool e de substâncias psicotrópicas aos serviços médicos e de saúde mental e a criação de uma equipa multidisciplinar que monitorize os casos de absentismo prolongado são outras medidas propostas.

Segundo o estudo, deve também ser feita uma reavaliação dos efectivos da PSP e da GNR após dez anos de serviço.

Para prevenir o suicídio nas forças de segurança, Jorge Costa Santos defende que os elementos da PSP e da GNR devem ser seleccionados criteriosamente e reavaliados periodicamente, além de os sensibilizar para os problemas de saúde mental, desde a incorporação.

Assegurar uma resposta imediata aos pedidos de ajuda, aumentar o controlo aleatório de álcool e substâncias psicotrópicas e reforçar a articulação entre serviços médicos, psicológicos e psiquiátricos e de apoio social são outros pontos de prevenção.

De acordo com o autor do estudo, os elementos das forças de segurança têm "maior dificuldade em admitir problemas psicológicos e desenvolvem competências para mascarar os sinais e sintomas de perturbação".

Jorge Costa Santos afirmou ainda que "o consumo de álcool associado a depressão e 'stress' crónico representa a tríade mais comum nos suicídios consumados" na PSP e GNR, além de serem ainda factores relevantes "a cultura policial, exposição à violência e o uso de armas".

Entre 2007 e 2015, suicidaram-se 51 militares da GNR e 38 agentes da PSP, sendo os anos com maior número 2008 (12) e 2015 (15). Em 2016, suicidaram-se dois agentes da PSP e dois militares da GNR.

Durante a apresentação do estudo, a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, afirmou aos jornalistas que a PSP e a GNR vão actualizar os actuais planos de prevenção do suicídio.

Comentários
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  • Fernando
    01 fev, 2017 Chaves 19:49
    Tudo mentira....no comando de Vila Real nunca vi nenhum psicologo ou psiquiatra ou alguem a perguntar aos agentes nada para elaborar este estudo...enfim, deitam sal para os olhos para lavar as mãos e afastar responsabilidades de quem as devia ter. ..
  • Rosane
    01 fev, 2017 Minas Gerais 11:56
    Sr (a) Silva como vc é cruel...ninguém por extinto quer morrer...sim aliviar a dor intensa existencial,deixa de ser desumano(a) atrás de um suicidio tem um ser humano pedindo socorro e a familia dele que tbm sofre e muito com tudo que acontece...amor gera amor fika a dica nunca sabemos o que acontece ...vamos ajudar a divulgar campanhas como Setembro Amarelo que é o mês do combate ao suicidio e Valorização á vida.
  • Silva
    01 fev, 2017 Silves 09:54
    Psicólogos e psiquiatras para quê? Eles têm o direito a morrer com dignidade! Gastar dinheiro para quê??? Deixai-os ir que vão felizes... e contentes!
  • 01 fev, 2017 aldeia 07:42
    É só na GNR e na psp que há suicídios?fracos vencimentos?e milhões de pessoas que recebem abaixo do ordenado mínimo? muitas horas de "trabalho"? e os outros?"se calhar trabalham mais!......vão para a psp e GNR por vocação? ou por não conseguirem outro emprego? todos temos de "aguentar" a nossa vida tal como ela se nos apresenta,ou então....tentem outra ocupação ou.....joguem na lotaria.
  • 01 fev, 2017 Alentejo 06:01
    Na GNR funciona assim: Se for "maluco" pode fazer o que quer e nunca é chamado à atenção, se for um tipo normal que comete um deslize tá fodi... Podem pensar que ñ é bem assim mas eu já cá estou há quase 20 anos e sei que é verdade. Quanto mais maluco melhor.
  • Luis F. Porras
    01 fev, 2017 Lisboa 05:09
    Mais do mesmo. Estudos interessantes do ponto acadêmico e mesmo assim contestável. Claro que sabemos da necessidade de terem mais apoio, mas . .. em vez disso, porque não começar pelo cerne da questão? As condições de trabalho? Utilizam procedimentos a arcaicos, com mecanismos de índole militar, planeamentos desajustados na realidade XXI, etc. Exemplo, dos 50000 polícias(PSP / GNR) 35% a 40% estão na duas área metropolitanas de Lisboa e porto. Desses, talvez 90% deslocaram ao integrar do interior, e depois, se desejarem voltar às suas zonas, esperam 20 anos. Família desestruturada no mínimo entre outros problemas. Sejam inovadores, os custos talvez não justifiquem os "meios". Diria. Que fazem as chefias, nada. Pedem estudos. Então mas não possuímos Institutos Superiores para a formação das chefias? Já alguém avaliou a qualidade da formação aí transmitida? Sim que depôs de entrar "todos" saem diplomados100%. E onde anda o conselho científico destas unidades de formação? E os custos de existência da mesmas versus produto final? E muito mais poderia ser dito
  • Xexe
    01 fev, 2017 Lisboa 01:10
    Este gajo não percebe nada do assunto, se uma psiquiatra do serviço em vez de ajudar ainda deita mais abaixo os militares.
  • manel
    01 fev, 2017 braga 00:55
    em vez de ter de mandarem psicólogos e psiquiatras, que não irá resolver nada, devia sim era nos cursos pelo menos a quem comanda, inserirem uma disciplina de humanidades,e aplicarem psicossociologia
  • Warrior
    01 fev, 2017 Amadora 00:20
    E sem contar as centenas que são seguidos por psiquiatras no exterior por vergonha ou porque simplesmente intenção dos psicólogos é mandar estes para o serviço o mais rápido possível para satisfação dos superiores.
  • Jose
    31 jan, 2017 Lisboa 23:23
    É facil perceber porquê, basta ver: -fracos ordenados, noites perdidas sem fim, esperar que os bandidos disparem primeiro e falhem e pensar 2 vezes se pode também disparar, etc, etc, etc.

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