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Guardas prisionais pedem "fim do trabalho escravo"

24 jan, 2017 - 15:26

O Sindicato Nacional do Corpo de Guarda Prisional entregou, esta terça-feira, um caderno reivindicativo na residência oficial do primeiro-ministro.

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O Sindicato Nacional do Corpo de Guarda Prisional entregou, esta terça-feira, ao primeiro-ministro um conjunto de reivindicações remuneratórias que deram origem à vigília de protesto que decorreu junto do Palácio de S. Bento, em Lisboa.

O presidente do sindicato, Jorge Alves, deslocou-se à residência oficial de António Costa, onde entregou um conjunto de reivindicações a exigir promoções, o pagamento de subsídio de turno/nocturno, “o fim do trabalho escravo” e actualização da tabela remuneratória por equiparação à PSP e cerca de 40 ofícios já enviados à ministra da Justiça e para os quais, diz o sindicato, não obtiveram resposta.

Na vigília, Jorge Alves alertou que as exigências dos guardas prisionais são antigas e que nos últimos tempos "nada mudou".

"Temos guardas prisionais na mesma categoria há 19 anos e isso não acontece em nenhuma outra força ou serviço de segurança. São situações que preocupam e desmotivam o corpo da guarda prisional", disse.

Apesar da redução de cerca de 600 reclusos, as cadeias continuam sobrelotadas com uma população cada vez mais jovem, mais violenta e organizada e isso "nota-se na criminalidade dentro das cadeias, no tráfico de droga e de bens e no tráfico de influências", disse.

Sobre o que o sindicato classifica de "trabalho escravo", o sindicalista explicou que se trata do trabalho que os guardas prisionais fazem gratuitamente, já que não recebem subsídios de turno nem nocturno.

"A direcção geral dos serviços prisionais refugia-se no horário permanente e obrigatório para nos exigir que trabalhemos o que entendem. Isto ultrapassa em cerca de mais uma semana o trabalho por mês. Em cinco anos equivale a seis meses de prisão efectiva em termos de trabalho gratuito".

Sobre a disponibilidade manifestada pela ministra da Justiça para dialogar com o sindicato, Jorge Alves mostrou-se céptico, lembrando que as reivindicações são antigas e que os ofícios enviados pelo sindicato não obtiveram respostas.

"Temos conversado com as estruturas sindicais dos guardas prisionais. Temos noção das questões que estão em cima da mesa, é mais um problema de tempo", disse Francisca Van Dunem na segunda-feira, no Cadaval.

Em resposta, Jorge Alves disse esperar que a ministra "passe das palavras aos actos e que não se preocupe apenas com os tribunais, sabendo que os tribunais dão votos e as cadeias não dão votos nas eleições".

O sindicato anunciou, entretanto, uma greve para 7 e 8 de Fevereiro.

O mapa de pessoal dos serviços prisionais para este ano prevê a existência de quase cinco mil guardas.

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