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Modelo de cantinas sociais substituído por distribuição de cabazes

24 jan, 2017 - 06:30

Relatório de avaliação arrasa medida do anterior Governo. Novo modelo passará pela entrega de cabazes alimentares, com carne, peixe e legumes congelados.

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O Governo vai substituir o modelo de cantinas sociais pela distribuição de cabazes alimentares aos mais carenciados, recorrendo a fundos comunitários, anunciou a secretária de Estado da Segurança Social. Um relatório de avaliação às cantinas sociais concluiu que o Programa de Emergência Alimentar, iniciado em 2011, tem uma "distribuição territorial desequilibrada” e um “sobredimensionamento da oferta de refeições”. Faltam ainda "mecanismos sólidos de controlo da execução física e financeira da medida”.

Segundo disse à Lusa a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, a distribuição de alimentos será feita através do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC) e irá beneficiar cerca de 60 mil pessoas.

Os beneficiários vão receber cabazes alimentares, que integram na sua composição carne, peixe e legumes congelados, com o objectivo de cobrir as suas necessidades nutricionais diárias em 50%.

“O que pretendemos com a medida é que haja uma transição que não seja abrupta” e que “os beneficiários das cantinas sociais que não tenham condições para confeccionar alimentos não fiquem desprotegidos”, disse Cláudia Joaquim.

A governante lembrou que a resposta cantinas sociais já existia há muitos anos e era muito dirigida à população sem-abrigo ou a pessoas que não pudessem confeccionar os seus alimentos.

“Aquilo que pretendemos é que a resposta cantinas sociais possa permanecer e, se necessário, ser reforçada face ao que existia no terreno em 2010”, disse.

Mas relativamente às cantinas sociais, integradas no Programa de Emergência Alimentar (PEA) e que nunca foram concebidas como uma resposta social, o objectivo é que possam ter “uma descontinuidade gradual”.

“Não pretendemos que num determinado dia do ano deixe de haver cantinas sociais e no dia seguinte exista distribuição de alimentos, mas pretendemos que possa haver uma transição pacífica e que não deixe ninguém desprotegido”, frisou Cláudia Joaquim.

Quem é o "cliente" das cantinas

O relatório de avaliação às cantinas sociais permitiu caracterizar os beneficiários das cantinas sociais, perceber melhor a resposta e identificar as suas vantagens e desvantagens.

Como principais conclusões, o relatório da avaliação da medida, integrada no Programa de Emergência Alimentar, apresentado em 2011, aponta uma “distribuição territorial desequilibrada”, “sobredimensionamento da oferta de refeições” e “inexistência de mecanismos sólidos de controlo da execução física e financeira da medida”.

Mais de metade dos beneficiários das cantinas sociais, em 2015, eram homens, com menos de 65 anos e com rendimentos inferiores a 201,53 euros, revela um estudo.

As cantinas sociais fazem parte do Programa de Emergência Alimentar, apresentado em 2011, e visavam providenciar duas refeições diárias, de forma continuada durante todo o ano, às famílias carenciadas.

Contudo, segundo o relatório de avaliação das cantinas sociais, mais de 90% dos beneficiários consumiram menos de duas refeições por dia nestes refeitórios e 72% levaram a refeição para consumir em casa.

O relatório, elaborado por um grupo de trabalho constituído por elementos do Instituto da Segurança Social e do MTSSS, avaliou três momentos: Outubro de 2014, Abril de 2015 e Novembro de 2015.

Atendendo às conclusões do relatório, o grupo de trabalho que realizou o estudo considera ”adequado que seja definido um prazo limite para a duração desta medida, a qual foi, aliás, concebida desde o início como uma resposta a situações de emergência e com duração limitada no tempo (até 2014)”.

Perante estas recomendações e ao longo de 2016, “o Governo chegou à conclusão que seria importante manter as cantinas sociais até uma resposta que as substituísse” e que fosse “mais de acordo com a visão” que o Executivo tem no que refere ao apoio alimentar, disse Cláudia Joaquim.

O Programa de Emergência Alimentar constituiu em 2011 uma Rede Solidária de Cantinas Sociais em todo o país, assegurando que são providenciadas duas refeições diárias, de forma continuada durante todo o ano, a todas as famílias carenciadas que se dirijam às instituições de solidariedade social.

Comentários
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  • tuga
    24 jan, 2017 Olhão 14:07
    Acho injusto para os sem abrigo pois é dos poucos sítios onde podem ter um pouco de conforto.
  • luis filipe
    24 jan, 2017 lisboa 09:38
    Pois claro ! com tantos Refood s, Re.al, e o diabo a sete...O Governo vai acabar gradualmente com as Cantinas Sociais. O Governo já esta a pensar na maneira de poupar um dinheirinho, à custa do Voluntariado que existe, etc, etc ! Mal se está a acabar a crise económico de 2008, já o Governo pensa em estratégias...!
  • Ricardo
    24 jan, 2017 Carrazeda 09:18
    Acho que não vai resultar... Mas esta medida tem um objectivo bem claro e só não vê quem não quer. Chama-se eleições autarquicas! Não vão faltar por esse país fora a tropa do PS a levar uns quilos de arroz aos velhinhos e a prometer mais umas tantas mercearias em troca de uma cruz no boletim de voto. E para não falar na indispensável carrinha para os ir levar à junta no dia das elições! Viva o xuxialismo!
  • 777seven
    24 jan, 2017 Faro 08:46
    Ora, consideraram qual foi a refeição que levavam a casa? Se for a da noite, pu dia é mais que normal a pessoa levar, se sentir bem em casa com comida a mesa! Ja tem tao pouco e lhes roubam o pouco conforto. Porque cargas tem que se comer ao local? O governo deveria ter posto a economia aos trilhos, e não o fez até hoje! O programa deve então continuar, pois enquanto houver necessitados, deve alimenta-los é o mínimo! Tanto campo produtivo, negar um prato de comida é lamentável!

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