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Lisboa

Preocupados com cheiro a combustíveis, moradores do Parque das Nações ponderam processar o Estado

23 jan, 2017 - 13:00 • João Cunha

Receiam que os solos estejam contaminados: ali funcionou a antiga refinaria de Cabo Ruivo. Alguns moradores já deixaram as suas casas.

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Terrenos contaminados no Parque das Nações? Moradores alarmados com falta de respostas
Terrenos contaminados no Parque das Nações? Moradores alarmados com falta de respostas

Os moradores da freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, ponderam apresentar uma queixa judicial contra a administração pública, disse à Renascença Célia Santos, da associação de moradores A Cidade Imaginada Parque das Nações.

Uma semana depois de terem denunciado a existência de uma alegada contaminação dos solos onde decorrem obras (e o cheiro intenso a combustíveis), os moradores ainda continuam à espera de resposta por parte das entidades oficiais.

Há meses que os moradores da zona sul desta freguesia são afectados por um cheiro a gás e a hidrocarbonetos originado pelo alargamento do parque de estacionamento subterrâneo do hospital CUF Descobertas.

Os residentes denunciaram os maus cheiros provenientes da obra que decorre em solos que, receiam, podem estar contaminados. Em tempos funcionou ali a antiga refinaria de Cabo Ruivo.

A José de Mello Saúde, detentora do hospital, mostra surpresa pela eventual existência de possíveis solos contaminados, sublinhando que quando o adquiriu o terreno à Parque Expo foi no pressuposto que estaria descontaminado.

A autarquia de Lisboa já questionou o dono da obra e as entidades competentes de forma a salvaguardar a qualidade de vida dos moradores. Em comunicado, a câmara revela que, quando o processo foi submetido à apreciação dos serviços municipais, a informação que recebeu foi que os terrenos tinham sido limpos. Mas quem vive na zona continua a ser afectado pelo constante cheiro a combustíveis.

Há moradores a abandonar as suas casas

"Todos os dias temos de conviver com este ar em casa, mas, por vezes, a concentração é tal que temos de sair para a rua, para conseguir respirar melhor", conta Célia Santos, da associação de moradores.

Para além de edifícios de habitação, nas proximidades da obra existe um colégio privado ("Estamos na freguesia mais jovem do país e que todos os dias respira estes ares"), o próprio hospital e um hipermercado.

"A situação está a criar-nos uma situação de descontentamento e de insegurança para nós e para as nossas famílias", diz Célia Santos. Os moradores sentem-se em "insegurança" enquanto não forem reveladas análises da qualidade do ar.

Alguns moradores já deixaram as suas casas, diz a dirigente associativa. É o caso de Pedro Frederico. Com uma filha de dois meses nos braços e a acordar, durante a noite, devido ao cheiro intenso a hidrocarbonetos, decidiu deixar provisoriamente a sua habitação. Pelo menos, até conhecer o resultado das análises à qualidade do ar, que encomendou e pagou.

"O nosso pediatra alarmou-nos um pouco e sugeriu que contactássemos a delegada de saúde da zona, coisa que fizemos, mas ainda não obtivemos nenhum 'feedback'", desabafa.

Até agora, ninguém assumiu responsabilidade pela situação.

Comentários
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  • Vasco
    24 jan, 2017 Santarém 21:51
    Não me parece que a existência de uma refinaria obrigue esta a contaminar os solos ou então estaremos perante uma situação de mau funcionamento da mesma, por outro lado recordo-me que muito se falou da despoluição do rio Trancão e que de facto foi feita na altura da exposição mas ao que me parece foi apenas para estrangeiro ver pois pela a aparência tudo voltou ao passado ou próximo disso.
  • Mário Guimarães
    24 jan, 2017 Lisboa 10:25
    Portugal um País de espertos e vigaristas em que estão cheios de departamentos e competências que não funcionam . A grande C.E.E. dos bandalhos!
  • Luis Ribeiro
    23 jan, 2017 Faro 21:29
    Bem....depois de tantos anos é que repararam no cheiro! Quase 20 anos depois! Que grande constipaçao para aquelas bandas, hein?!!!
  • Antonio Figueiredo
    23 jan, 2017 Lisboa 17:40
    Aposto que o licenciamento desta obra dava para 50 inaugurações do eixo central de Lisboa. De um lado temos as ciclovias do outro terrenos contaminados e licenciados para grandes construções bem ao lado de densidades populacionais urbanas de uma capital europeia.
  • BA
    23 jan, 2017 Lx 16:06
    Puro comentários de portugueses invejosos. As casas sendo milionárias ou não, estas pessoas têm tanto direito em viver em terrenos saudáveis quanto vocês. Não é por serem "milionários" que perdem esse direito! Estes comentários são tacanhos, mesquinhos e invejosos de alguém que por não estar bem quer o mal aos outros. Se calhar até têm mais direito que vocês, porque se pagam casas milionárias, também pagam mais imposto... É por isso que este país não avança... anda metade a pagar, para a outra metade chular...
  • JV
    23 jan, 2017 15:45
    Ernesto, não está em causa o conhecimento do que era ou não mas sim que a existência de possíveis solos contaminados, sublinhando que quando adquiriram os terrenos à Parque Expo foi no pressuposto que estaria descontaminado.
  • Victor Martins
    23 jan, 2017 Lisboa 15:17
    Mas não sabiam que no local onde foram construidas as casas de luxo que agora habitam funcionou durante décadas uma refinaria? Porque é que reclamam agora? Por mais descontaminação que houvesse era impossivel retirar do solo todos os produtos que ao longo de tantos anos se forma inflitrando no solo! O Estado é que agora tem de pagar pelos incómodos que as suas casas milionárias sofram com uma situação que antemão era do conhecimento de todos? Fossem comprar as casas noutro lado, mas pelos vistos só querem as vantagens daqueles sítio sem os inconvenientes que lhe estão associados!
  • Ernesto
    23 jan, 2017 Lisboa 14:45
    Compraram as casas por causa das vistas e de ser uma zona muito moderna e não sabiam o que está por debaixo dos prédios !.. Basta ver ou consultar a historia da cidade de Lisboa para saberem que ali estavam os depósitos da BP e outros materiais corrosivos que durante muitos anos se estiveram a degradar até a a chegada da EXPO98. E bastava abrir os olhos para a TORRE da GALP que está mesmo à porta da casa deles para saberem que por debaixo do chão não está nada de bom.

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