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Regiões precisam de dinheiro para ir às feiras de turismo

22 jan, 2017 - 11:23 • Ana Carrilho

É completamente diferente promover uma prova de vinhos ou de gastronomia, por exemplo, ou ter apenas um pequeno balcão cheio de folhetos, dizem os agentes.

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A Feira Internacional de Turismo de Madrid – FITUR, que termina este domingo, conta com a participação de todas as regiões de turismo nacionais, mas apenas duas se mostram com maior destaque: Porto e Norte de Portugal e Algarve.

Com o recurso a fundos comunitários, a Região de Turismo do Porto e Norte há três anos que participa na grande feira de turismo da Península Ibérica com um "stand" de maiores dimensões e com diversos atractivos ao longo dos cinco dias do certame, tanto para os profissionais como para o público. Depois de o ter partilhado com o centro, este ano foi o Algarve a usufruir também deste espaço.

A FITUR é a feira de turismo que mais interessa a Portugal, seja pela proximidade seja pelos milhares de operadores de todo o mundo que nela participam. “Mas para participarmos nestas feiras, tem que haver financiamento”, alerta o presidente da Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira.

Os sucessivos cortes que os governos têm imposto às regiões de turismo tiram-lhes margem de manobra para fazer maior promoção, a nível externo mas também interno. “O que conseguimos é através de fundos comunitários, mas, por exemplo, o Algarve não lhes pode aceder", diz. Por isso, este responsável defende que o Governo deve investir numa estratégia que permita o acesso aos fundos, por exemplo com a negociação em blocos financeiros para as marcas regionais. “A marca Portugal é forte mas só o é se houver investimento nas marcas claramente regionais”, reforça Melchior Moreira.

Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve e da Associação Nacional de Turismo, refere que isso só pode acontecer com a alteração da lei 23/2013 que estabelece as obrigações e competências das entidades regionais: têm que estruturar, qualificar e promover o produto. Têm autonomia, mas é limitada e o financiamento é quase irreal, resume.

Regiões deviam ter mais espaço na FITUR

O mercado espanhol é prioritário para Portugal, reconhece a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. O ano passado (até Novembro) quase 1,6 milhões de espanhóis garantiram 3,750 milhões de dormidas, mais 10% do que em 2015. Segundo o Banco de Portugal, de Janeiro a Outubro deixaram 1400 milhões de euros na economia portuguesa em receitas turísticas, o que revela um crescimento de 13,5% em relação aos primeiros dez meses de 2015.

Espanha é o primeiro mercado emissor para a Região do Porto e Norte e em 2016 cresceu 15%, dando origem a 6,8 milhões de dormidas. No Algarve, o peso espanhol não é tão grande mas, ainda assim, no ano passado “nuestros hermanos” foram responsáveis por 600 mil dormidas, o que significou um crescimento de 8-9%, refere Desidério Silva.

Por isso, os responsáveis regionais do turismo consideram que a Feira de Madrid – que tal como a BTL, divide os cinco dias entre os profissionais do sector e o público – devia ser vista como um caso especial, dando maior protagonismo às regiões e aos respectivos produtos de interesse, com actividades que chamem a atenção. E sublinham que é completamente diferente promover uma prova de vinhos ou de gastronomia – por exemplo – ou ter um pequeno balcão cheio de folhetos. A opinião é partilhada por Pedro Machado, presidente da Região de Turismo do Centro que também tem a Espanha como primeiro mercado.

Realidade que levou à celebração de um protocolo com a Extremadura espanhola para a definição de um mapa de promoção conjunta centrado em quatro produtos turísticos: património, cultura, gastronomia e vinhos.

Para Pedro Machado, “2017 vai ser um grande ano” que não pode ser desligado da visita do Papa Francisco e das celebrações do Centenário das Aparições de Fátima que têm lugar ao longo do ano. A sazonalidade está a ser esbatida: “os picos de procura de Setembro e Outubro em 2016 foram muito superiores aos de 2015 e 2014”, diz o responsável pelo turismo do Centro. Para combater a “litoralização” a Região Centro tem programas como “Viseu, cidade para visitar em 2017” ou a Feira Internacional de Turismo de Natureza, que vai decorrer na Guarda.

Espanhóis descobrem os Açores

Quase 25 mil turistas de Espanha chegaram a Ponta Delgada e a Angra do Heroísmo nos primeiros nove meses do ano passado, batendo assim todos os recordes anuais.

Filipe Macedo, director da Região de Turismo dos Açores, afirma que “há um grande entusiasmo dos agentes privados com os contactos feitos na FITUR. Há todas as condições para continuar a crescer”.

O aumento do número de voos entre Espanha e os Açores deverá potenciar esse crescimento. O presidente da Azores Airlines, Paulo Menezes, anunciou na feira o início de uma nova rota entre Barcelona e Ponta Delgada, às quartas-feiras e sábados, a partir de 29 de Março. Junta-se à ligação "charter" que já é assegurada entre Madrid e a capital da Ilha de São Miguel. “Assim podem ficar mais tempo porque actividades não faltam: desde a tradicional contemplação da paisagem às inúmeras actividades em terra e no mar”, frisa Filipe Macedo.

Actualmente, os espanhóis já registam uma das estadias médias mais altas nos Açores: quatro dias.

Também o presidente da Região de Turismo dos Açores defende que as regiões deviam ter uma presença mais forte na feira espanhola.

Em declarações aos jornalistas, a secretária de Estado do Turismo garantiu que a questão vai ser analisada em breve. Nos próximos dias os presidentes das regiões de turismo, o presidente do Turismo de Portugal e Ana Mendes Godinho vão reunir-se para começar a preparar a participação nacional na FITUR 2018.

A Renascença viajou para a FITUR a convite da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo

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  • miguel rato
    22 jan, 2017 lisboa 16:39
    Geralmente quem vai a essas feiras são os políticos e as pessoas que estão nas organizações postas por eles.As verdadeiras empresas não vão.Estão é preocupadas com as cargas de impostos que suportam para poder sobreviver.

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