19 jan, 2017 - 10:52 • Hugo Monteiro
A Casa da Música está, a partir desta quinta-feira, e até domingo, de portas abertas. A iniciativa “Casa Aberta” marca o início do ano britânico na Casa da Música. “God Save the Queen” é o mote.
Durante quatro dias, a Casa da Música convida “a população a habitar a casa”, diz o director artístico, António Jorge Pacheco, explicando que a ideia é dar-lhe "uma perspectiva diferente daquela que tem quando vem ver um concerto".
Esta experiência passa por "ver os bastidores”, ou seja, "é como ir a um restaurante e, em vez de comer o prato já confeccionado, ir até à cozinha e ver como o cozinheiro o prepara”.
O público da Casa da Música vai poder assistir a ensaios abertos, participar em visitas guiadas e assistir a espectáculos em vários locais da Casa, para além de participar em conferências. Entre estas António Jorge Pacheco destaca. uma: a de sábado, sobre o impacto do Brexit na música britânica e europeia.
O director artístico da Casa da Música lembra que “o facto de poderem vir a levantar-se barreiras alfandegárias e dificuldades de circulação aos músicos, entre o continente e o Reino Unido, pode condicionar de forma muito significativa a relação e o intercâmbio que tem havido” entre instituições, de qual “a Casa da Música é um bom exemplo”.
“Imagino que dezenas de estudantes de música portugueses que estão em instituições britânicas possam vir a ter problemas”, alerta António Jorge Pacheco.
Menos preocupada parece estar a britânica Hazel Veitch, que toca viola d’arco na Orquestra Sinfónica da Casa da Música. Está há 25 anos em Portugal, já tem dupla nacionalidade e diz-se “feliz” no Porto. Lembra que, apesar do Brexit, “a música não tem fronteiras”.
Duas épocas de ouro da música britânica em destaque
Na Casa da Música, ao longo de 2017, com o mote “God Save the Queen”, vão ser vários os espectáculos que vão percorrer a história da música das ilhas britânicas.
O plano da Casa da Música vai percorrer o período desde o Renascimento até aos nossos dias. O director artístico lembra que há dois períodos de ouro da música erudita britânica: o do Renascimento e o da actualidade. António Jorge Pacheco explica que “o Reino Unido tem um património musical de primeira grandeza, se calhar não muito conhecido, e essa tem sido a missão da Casa da Música: dar a conhecer às pessoas aquilo que elas ainda não conhecem”.
“Além disso, há, do ponto de vista histórico, uma relação muito grande entre a comunidade britânica e o Porto”, sendo esta uma outra razão para a Casa da Música ter escolhido o Reino Unido como tema para 2017.
O ano que vai fazer Hazel Veitch “revisitar obras que não tocava há 25 anos”. “Vai ser giro”, diz.