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"Os últimos dias da humanidade" no D. Maria II

12 jan, 2017 - 07:27

Para o encenador, esta é uma obra "que não é para assistir, mas para o público se envolver", justificando assim o facto de parte da plateia do teatro ter sido coberta para dar lugar à representação.

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Uma minissérie no teatro. Nos bastidores de "Os últimos dias da Humanidade"
Uma minissérie no teatro. Nos bastidores de "Os últimos dias da Humanidade"

A plateia do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, foi tapada para acolher a representação da peça “Os Últimos Dias da Humanidade", um “monstro” da autoria de Karl Kraus, como a classificou o encenador Nuno M. Cardoso.

A opção replica a encenação original, estreada em Outubro no Teatro Nacional São João, no Porto, que colocou o público em torno o palco, para seguir o texto que o austríaco Karl Kraus começou a escrever em 1915, um ano depois do início da Primeira Guerra Mundial, e que o próprio autor admitia ser difícil vir a ser encenado, excepto num “teatro do planeta Marte”, e mesmo aí em dez serões.

A peça é descrita por Nuno M. Cardoso, que encena a peça com Nuno Carinhas, como uma "obra-prima da dramaturgia do século XX".

Após um ensaio de cerca de 30 minutos, com uma das três partes em que se reparte a peça, Cardoso disse aos jornalistas tratar-se de uma obra "que não é para assistir, mas para o público se envolver", justificando assim o facto de parte da plateia do teatro ter sido coberta para dar lugar à representação.

Com um elenco de 21 actores, que se desdobram em quase 200 personagens - excepto António Durães, que interpreta o Eterno Descontente ao longo de todo o texto e que é considerado o alter-ego de Kraus - a encenação de "Os últimos dias da humanidade" distribui-se por três espectáculos, de cerca de duas horas cada, estando em cena de 12 a 22 de Janeiro, em Lisboa, com três récitas de cada parte.

No D. Maria, ao contrário do que aconteceu no Porto, onde a peça se estreou em 27 de Outubro do ano passado, não será representada a versão integral, com uma duração de oito horas, disse Nuno M. Cardoso.

Segundo o encenador, "Os últimos dias da humanidade" são uma "gigantesca colagem" e uma peça documental, muito baseada nas reportagens de guerra que a jornalista Alice Schalek, que também é personagem do drama, escreveu.

Dividida em três actos - "Esta grande época", "Guerra é guerra" e "A última noite" -, com prólogo e epílogo, "Os últimos dias da humanidade" discorrem sobre vários acontecimentos, incluindo o homicídio do imperador Francisco Fernando da Áustria, num atentado em Sarajevo, em Junho de 1914, que acabaria por se revelar factor chave na origem da guerra.

Construída a partir de figurais reais, a peça tem música de Jonathan Saldanha e vídeo de Pedro Filipe Marques.

No dia 14, será lançada em Lisboa a versão integral da obra, traduzida por António Sousa Ribeiro, uma edição com chancela do Teatro Nacional de S. João/Húmus.

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