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Funeral de Estado. Um instrumento de comunicação que "marca a perda de um líder"

10 jan, 2017 - 11:45

A presidente da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo esteve na Manhã da Renascença e explicou o significado de um funeral de Estado.

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A presidente da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, Isabel Amaral, diz que o funeral de Mário Soares é “o primeiro de funeral de Estado em democracia”.

Em entrevista ao programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, a especialista em protocolo sublinhou a importância que um funeral de Estado tem para “marcar a perda de um líder” e destaca o valor que “o instrumento de comunicação verbal e não-verbal” que o protocolo tem num momento solene como este.

Sublinhando ter a certeza de que “a preparação para esta cerimónia está a ser feita há bastante tempo para que nada falhe”, Isabel Amaral aponta que "as várias paragens, a chegada aos Jerónimos, as honras que são prestadas, a própria marcha fúnebre que é tocada à chegada" constituem "mensagens que fazem o comum dos mortais, apesar de não saber nada de protocolo, perceber que estão perante um momento especial da História de Portugal”.

Trata-se, de facto, de um momento único, já que, segundo Isabel Amaral, os livros de protocolo “referem como o último enterro de Estado o do Presidente Carmona, que morreu no exercício das suas funções”.

"Nem Costa Gomes nem Sá Carneiro tiveram um funeral de Estado", lembra a presidente da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, notando que, no caso do primeiro-ministro da AD, tal não aconteceu “por ter sido uma tragédia em cima da hora”.

Os desafios do protocolo de Estado

Para a especialista, o maior desafio numa situação deste tipo passa por “conciliar a parte familiar com a parte oficial”, apesar de não ter dúvidas de que tudo decorrerá dentro da normalidade, já que “o funeral de Estado está a ser preparado desde o momento em que o doutor Mário Soares entrou em coma”.

“Hoje, o primeiro momento será a sessão de homenagem. É uma sessão de homenagem em que se conseguiu conciliar a parte de protocolo de estado com a parte familiar, que terá várias evocações”, revela, antecipando aquele que será a maior dor de cabeça do protocolo de Estado: “O assentamento de todas as individualidades nacionais e estrangeiras que vão estar sentadas no claustro dos Jerónimos.”

Os momentos que se seguirão não terão, apesar de tudo, menor complexidade, crê a especialista.

“Haverá um cortejo, semelhante ao de ontem, mas com mais rigor e tiros de salva, no momento da chegada da urna à porta do cemitério, bem como uma salva de 21 tiros a executar pela Marinha”, revela ainda Isabel Amaral. "Tudo tem de ser muito bem coordenado para que corra bem e não haja nenhuma 'gaffe'”.

Esta coordenação leva a “muitas reuniões com a GNR, PSP e os representantes da família”, nota, ainda, Isabel Amaral, manifestando a convicção de que na preparação das cerimónias houve um papel importante do embaixador de Portugal na Croácia, que, até ter sido nomeado para Zagreb, trabalhou no protocolo de Estado.

"Mário Soares tinha uma energia e uma coragem únicas"
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Aplausos do Campo Grande aos Jerónimos no adeus a Mário Soares
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Palmas acompanham Soares na baixa de Lisboa. "Pela liberdade que nos deu"
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"A Nazaré nunca mais esquecerá Mário Soares"
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Homenagem de anónimos junto à casa de Mário Soares
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Comentários
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  • Rosa Correia
    11 jan, 2017 Vila Verde 15:43
    O protocolo serve para tudo.Mas gostava de ver aqueles que Soares ajudou na politics e até na Vida privada,que alavancou muitos homens para a riqueza feita na habilidade e na exploraçâo de outros.O terem transportado naquela urna por pouco tempo que fosse.Era um gesto de gratidâo por quem fez por eles tanto.Mas nâo, foi sempre utilizada propaganda.Aproveitam tudo para fazer propaganda, até com morte de colegas e amigos Quanto a Sá Carneiro nâo foi preciso fazer funeral de Estado,o povo veio à rua ás centenas de milhares e aí estava o Estado representado pelo Povo e o Estado somos nós todos os cidadâos comum.Isto é que considero um funeral de estado.O contrário é um funeral para vedetas e "afilhados"na cumplicidade politica e de favores.Houve alturas que os media filmavam n vezes as mesmas pessoas,se calhar POR falta de povo para filmar.Vi este filme passar-se no tempo do outro regime e até em momentos de voto onde padres e freiras votavam várias vezes porque era diferente ver quem era a pessoa e o regime aproveitava para engrossar o numero de votos com essa farsa.Por isso Mario Soares gostaria da simplicidade e de ter o povo a seu lado e nâo elites.

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