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“A liberdade e a democracia têm de ser trabalhadas todos os dias”, diz presidente da Renascença

10 jan, 2017 - 11:40

Padre Américo Aguiar recorda a importância do legado de Mário Soares e de outras personalidades portuguesas para o “tempo que estamos a viver”.

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padre Américo Aguiar na Manhã da Renascença com Carla Rocha para recordar Mário Soares (10/01/2017)

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É “fundamental não deixarmos cair no esquecimento” os legados de quem contribuiu “para construir o tempo que estamos a viver”, defende o presidente do Grupo Renascença Multimédia.

O padre Américo Aguiar foi um dos convidados que esta terça-feira passou pelo programa Carla Rocha – Manhã da Renascença para evocar a vida e o protagonismo de Mário Soares nos vários planos da vida política e social do país.

“Ele viveu a sua condição de republicano, socialista e laico de uma maneira positiva, não levando o laicismo ao fundamentalismo”, destacou, lembrando que “a sua perspectiva laica da organização da sociedade e do Estado” permitiu que todos possamos hoje “viver a fé e a religião em liberdade e em respeito”.

“Isso, sim, é uma sociedade e um Estado laico que nós, Igreja Católica, respeitamos e sublinhamos”, acrescentou.

A democracia e a liberdade são valores dados como garantidos pelas actuais gerações, mas é importante lembrar que nem sempre foi assim. “Só damos valor à saúde quando estamos doentes”.

“Quando dizemos às novas gerações que não era permitido falar e escrever sem restrições, eles julgam que estamos a falar de algum filme ou de algo de ficção. Não imaginam que pudesse ser assim há pouco tempo”, afirma, lamentando que os jovens pareçam estar “completamente de costas voltadas para aquilo que é a causa pública”.

“Parece que há um sentimento generalizado de que o exercício da política e da causa pública é uma coisa para alguns e pelas piores razões. Temos de ser capazes de purificar o homem político, a defesa da causa pública, a Res Publica, o tratar da coisa da coisa pública” e fazê-lo “através dos exemplos maiores da cidadania portuguesa, ao nível local e nacional”.

A liberdade e a democracia só são adquiridas “em razão do legado que Mário Soares nos deixa”, frisou o padre Américo Aguiar. Soares e outras personalidades importantes da nossa história recente, como o autarca de Matosinhos, Guilherme Pinto, e do Professor Daniel Serrão, falecidos no domingo.

“Só podemos construir o futuro conhecendo o passado e com o pé firme no presente”, sublinhou, desejando que a sua geração e as vindouras tenham “a certeza de que a liberdade e a democracia têm de ser trabalhadas todos os dias”.

O agradecimento da Renascença

O presidente do Grupo Renascença Multimédia esteve presente, na segunda-feira, no velório de Mário Soares e transmitiu à sua filha, Isabel Soares, o agradecimento da emissora católica ao “que o seu pai fez nos acontecimentos ligados à ocupação e depois à devolução da Renascença ao patriarcado de Lisboa”.

Mário Soares não era uma pessoa religiosa. Mesmo assim, o padre Américo Aguiar, pedindo desculpa a Isabel Soares, afirmou: “vou rezar pelo seu pai”.

“E farei isso por muitos e outras que foram fundamentais da construção da vida que eu agora posso desfrutar”, justificou esta manhã, na Manhã da Renascença.

Notando que “não pretende santificar nem o Dr. Mário Soares nem o Professor Daniel Serrão nem o Dr. Guilherme Pinto”, o também director do secretariado nacional das Comunicações Sociais da Igreja terminou com a frase que ouviu do pároco de Matosinhos, na segunda-feira, na missa fúnebre do autarca local: “Nós não sabemos o que havemos de fazer com esta morte, mas Deus sabe o que fez com esta vida”.

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