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​Zygmunt Bauman. Morreu um dos maiores pensadores do século XX

09 jan, 2017 - 20:06

O sociólogo e filósofo polaco foi o criador do conceito de “modernidade líquida” e inspirou os movimentos antiglobalização.

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Era considerado um dos principais pensadores do século XX. O sociólogo e filósofo polaco Zygmunt Bauman morreu esta segunda-feira, em Leeds, Inglaterra, aos 91 anos.

Bauman foi o criador do conceito de “modernidade líquida”, para descrever a fluidez e volatilidade das estruturas sociais e das relações nas sociedades contemporâneas, em que se perdeu o sentimento de comunidade.

As teorias do pensador polaco, que se manteve em actividade até à recta final da sua vida, influenciaram fortemente os movimentos antiglobalização.

Considerado um pessimista, Zygmunt Bauman era um crítico do neoliberalismo e não acreditava que a acumulação de riqueza pelos mais ricos chegasse aos mais pobres, teoria que desenvolveu no livro “A riqueza de poucos beneficia todos nós?”

Não se cansou de denunciar as desigualdades das sociedades modernas e a queda da classe média.

O sociólogo também olhava de forma crítica para as redes sociais. Em entrevista ao jornal “El Mundo”, em Janeiro do ano passado, descreveu-as como “uma armadilha”.

“Nas redes, é tão fácil adicionar e apagar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interacção razoável. Aí temos que enfrentar as dificuldades, envolver-nos num diálogo”.

Zygmunt Bauman nasceu na Polónia, em 1925, numa família judaica. Ainda criança fugiu com os pais da ameaça nazi para a União Soviética.

Depois da II Guerra Mundial regressou à Polónia. Deu aulas na Universidade de Varsóvia, mas foi afastado mais tarde da academia e expulso do Partido Comunista. As suas obras foram censuradas.

Voltou a deixar a Polónia, em 1968, renunciou à nacionalidade e foi viver para Israel. Acabou por se instalar em Leeds, onde desenvolveu grande parte da carreira.

Também deu alas em universidades dos Estados Unidos, Austrália e Canadá e participou em conferências por todo o mundo.

Ao longo da sua vida foi distinguido com vários prémios, com destaque para o Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades, em 2010, que repartiu com Alan Touraine.

“Modernidade e Holocausto”, “Modernidade Líquida”, “Amor Líquido”, “Vida Líquida”, “A Cultura Como Praxis”, “O Mal-Estar da Pós-Modernidade”, “A Globalização: As Consequências Humanas”, “Em Busca da Política”, “A Sociedade Individualizada” e “Vidas Desperdiçadas” são alguns dos títulos da vasta obra de Zygmunt Bauman.

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