30 dez, 2016 - 17:32
Quando na cidade de Pago Pago, na Samoa Americana, soarem as 12 badaladas, já o vizinho Estado Independente de Samoa estará há 25 horas em 2017. Os aproximadamente 80 quilómetros que separam as duas ilhas não impedem os dois estados de celebrar o Ano Novo com mais de um dia de diferença. As ilhas do Pacífico serão, respectivamente, o primeiro e último lugar habitado a entrar em 2017.
“É bastante curioso. É um verdadeiro evento porque somos ilhas vizinhas. Estamos a cerca de uma hora de viagem de avião da nossa ilha irmã de Samoa”, classifica Ho Ching, uma jovem habitante da Samoa Americana, à Renascença.
Mas nem sempre foi assim. O território não incorporado dos Estados Unidos e o Estado Independente da Samoa costumavam ter o mesmo fuso horário até ao dia em que o governo de Samoa decidiu, em 2011, apagar o dia 30 de Dezembro do calendário e passar para o lado oeste da linha do Tempo Universal Coordenado para ficar mais próximo da Austrália e da Nova Zelândia, principais parceiros económicos.
A Samoa Americana tornou-se assim, a par da Ilha Midway e Niue, no último lugar a celebrar o Ano Novo, uma vez que a Ilha Baker e a Ilha Howland não estão habitadas.
As celebrações passam, essencialmente, por ir à Igreja, já que, como classifica Marietta Lafaele, gestora do portal e das redes sociais do governo da Samoa Americana, “o ano novo é um conceito mais ocidental”.
“É tradição, todos os anos, irmos à igreja para agradecer a Deus por nos ter dado mais um ano. As igrejas abrem por volta das 18h00 e ficam abertas até à meia-noite. Não vês muitas pessoas na rua a beber. Depois de rezar ouvirás alguns fogos-de-artifício e sinos a tocar ao longo de toda a ilha”, revela Marietta.
As imagens das capitais mundiais chegam também às televisões dos habitantes da Samoa Americana. Na ilha da Polinésia, apesar de tudo, é um pouco diferente. “Vês pessoas a passar algum tempo nas capelas a agradecer a Deus por mais um ano de prosperidade e de coisas boas”, relata a gestora da página de Facebook da Samoa Americana, que promete imagens das celebrações este ano.
Uma guerra do tempo
As disputas por fusos horários podem tornar-se em conflitos políticos acesos, em especial com o aproximar da passagem de ano, com vários países a reclamar para si o título de primeiro lugar a entrar no ano novo.
A discussão aqueceu de forma especial com a entrada no novo milénio quando as Ilhas Chatham da Nova Zelândia, Tonga, Fiji e o Kiribati lutaram pelo título de primeiro lugar a entrar no novo milénio.
A mudança de fuso horário do Estado Independente de Samoa coloca agora a capital Apia na linha da frente dos primeiros lugares a entrar em 2016, ao lado de Kiritimati (Kiribati), Nukualofa (Tonga). Do outro lado, na Samoa Americana, fica, no entanto, a certeza: o último pôr-do-sol de 2016 só pode ser visto por lá.