De Fidel a Muhammad Ali. Os vultos mundiais que 2016 levou

De Fidel a Muhammad Ali. Os vultos mundiais que 2016 levou

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30 dez, 2016 - 15:03 • Ricardo Vieira

No plano internacional, o ano de 2016 fica marcado pela morte de Fidel Castro e de outros vultos como Shimon Peres, Umberto Eco, Muhammad Ali ou Cruyff.

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2016 pôs-nos várias vezes de luto. Talvez tenha abusado
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Figura carismática, complexa e controversa, Fidel Castro deu o último suspiro a 25 de Novembro, aos 90 anos. "A história me absolverá", disse um dia o líder da revolução cubana, que substituiu a ditadura de Fulgencio Batista por outra.

Resistiu à queda da aliada União Soviética e desafiou os Estados Unidos durante décadas. A crise dos mísseis e o bloqueio económico foram as duas faces mais visíveis do congelamento de relações entre os dois países vizinhos, que conheceu uma aproximação com a Administração Obama.

Fidel Castro. O "último revolucionário"
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Antigo Presidente de Israel e Nobel da Paz, Shimon Peres foi outro dos líderes mundiais a morrer em 2016.

Uma das figuras mais marcantes da política israelita do século XX, Shimon Peres desempenhou um papel de destaque nos acordos de Oslo, que lançaram as bases da autonomia palestiniana.

Morreu Shimon Peres. O obreiro da paz que perdia eleições
Morreu Shimon Peres. O obreiro da paz que perdia eleições

A diplomacia internacional também perdeu Boutros-Ghali, o primeiro africano a liderar a ONU. Foi secretário-geral das Nações Unidas entre 1992 e 1996, período em que foi decisivo nas negociações para a paz entre o Egipto e Israel. Mas controvérsias ligadas ao genocídio de Ruanda e à guerra civil em Angola levaram-no a cumprir apenas um mandato.



O antigo primeiro-ministro francês Michel Rocard, o rei da Tailândia Bhumibol Adulyadej e a deputada britânica Jo Cox, assinada por um radical de extrema-direita e defensor do Brexit, foram outras personalidades que faleceram em 2016.

LETRAS DE LUTO

Dezanove de Fevereiro foi o dia em que morreram duas referências das letras internacionais: o italiano Umberto Eco e a norte-americana Harper Lee.

Escritor, semiólogo, professor e filósofo, o multifacetado Umberto Eco ganhou fama mundial com “Em Nome da Rosa”, um livro sobre livros proibidos que foi adaptado ao cinema. Mas a sua obra é muito mais vasta e vai do romance à reflexão sobre temas da actualidade. O pensador andava preocupado com o rumo da Europa e do Mundo.

Harper Lee escreveu o seminal “Mataram a Cotovia”, eleito o Melhor Romance do Século pelo “Library Journal”. A escritora, que demorou 55 anos para publicar um segundo livro: "Vai e Põe uma Sentinela", foi distinguida com inúmeros galardões, incluindo o Prémio Pulitzer e a Medalha Presidencial para a Liberdade.

As letras também perderam Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura em 1997. Ao longo dos seus 90 anos de vida, publicou mais de 100 obras teatrais. Também foi actor, pintor e activista de esquerda.

Na música foram tantos os vultos que 2016 levou (de David Bowie a Leonard Cohen, de Prince a George Michael) que fizemos um artigo só para eles.

Judeu sobrevivente do Holocausto e Nobel da Paz, Elie Wiesel morreu em Julho. Dedicou a vida a garantir que a memória das atrocidades cometidas nos campos de concentração nazis não seria apagada.

O coração de Ferreira Gullar, Prémio Camões em 2010, deixou de bater aos 86 anos. O poeta, crítico de arte, dramaturgo, biógrafo, escritor de memórias e tradutor brasileiro. "Poema sujo", um longo poema de quase 100 páginas, é considerado a sua obra-prima.

O ANO EM QUE A FORÇA NOS PREGOU UMA RASTEIRA

Um ataque cardíaco levou Carrie Fisher, aos 60 anos. A carreira da actriz norte-americana fica ligada para a eternidade à personagem Princesa Leia, de “Guerra das Estrelas”, em que combatia o temível Darth Vader e o “lado negro da força”.

Oito cenas memoráveis de Carrie Fisher como “Princesa Leia”
Oito cenas memoráveis de Carrie Fisher como “Princesa Leia”

O drama continuou no dia seguinte. A sua mãe, a actriz Debbie Reynolds, não resistiu a um AVC. Foi protagonista de “Serenata à Chuva”, filme em que contracenou com Genne Kelly.

Quando Carrie celebrou Debbie. "Foi difícil partilhar a minha mãe"
Quando Carrie celebrou Debbie. "Foi difícil partilhar a minha mãe"

Além de Carrie Fisher, o universo “Guerra das Estrelas”, que continua em expansão com novos filmes, sofreu outra baixa em 2016. A sua cara não era muito conhecida, mas Kenny Baker era o homem que dava vida ao pequeno e carismático robô R2-D2.

Ficou conhecido por fazer de mau da fita. Alan Rickman foi o professor Snape, na saga “Harry Potter”, e o vilão Hans Gruber, em "Assalto ao Arranha-Céus". Foi um dos actores britânicos mais admirados da sua geração.

Sete filmes e uma saga para lembrar Alan Rickman
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"Feios, porcos e maus", "Um dia inesquecível", "Tão amigos que nós éramos" e “A ultrapassagem” são apenas uma parte do legado de Ettore Scola, realizador italiano que trabalhou com actores como Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Vittorio Gassman ou Nino Manfredi.

Gene Wilder, que se celebrizou pelos seus papéis em “Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate”, “A Mulher de Vermelho” ou “Balbúrdia no Oeste”; Bud Spencer, o parceiro de Terence Hill nos filmes western da série "Trinitá"; George Gaynes, o comandante Lassard, de “Academia de Polícia”; e a diva húngara Zsa Zsa Gabor foram outros dos nomes da sétima arte que morreram em 2016.

DESPORTO. DE ALI A CRUYFF

Um peso pesado que voava como uma borboleta e picava como uma abelha. Muhammad Ali foi tricampeão mundial de boxe e uma verdadeira lenda do desporto.

Mas os seus 74 anos de vida não se confinaram ao ringue. Nasceu Cassius Clay, converteu-se ao islão e mudou de nome. Recusou combater na guerra do Vietname, lutou contra o sistema e pelo direito dos negros. Tornou-se numa das personalidades mais conhecidas do mundo.

Muhammad Ali homenageado por políticos e desportistas em todo o mundo
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Um dos melhores jogadores da história do futebol. Johan Cruyff foi o coração da “Laranja Mecânica”, intérprete principal do “futebol total” do Ajax e da selecção holandesa que deslumbraram nos anos 70.

Entre os muitos títulos que conquistou estão três Taças dos Clubes Campeões Europeus, outras tantas bolas de ouro e oito campeonatos pelo Ajax.

Transferiu-se para o FC Barcelona e ganhou uma Liga espanhola e Taça do Rei. Anos mais tarde regressou ao “Barça” como treinador e foi o cérebro do mítico “dream team”. Morreu aos 68 anos, de cancro no pulmão.

Johan Cruyff. Morreu um dos maiores símbolos do futebol mundial
Johan Cruyff. Morreu um dos maiores símbolos do futebol mundial

Em 2016, o futebol também chorou o desaparecimento do capitão do tricampeonato do Mundo conquistado pelo Brasil, em 1970. Carlos Alberto alinhava como lateral direito e era o homem da braçadeira numa selecção onde brilhava Pelé e também jogadores como Tostão, Rivelino, Gérson ou Jairzinho. “Capita”, como era conhecido, marcou um dos golos mais bonitos de sempre na final do Mundial de 70.

O mundo do desporto também perdeu João Havelange, antigo presidente da FIFA; Cesare Maldini, antigo jogador do AC Milan e seleccionador de Itália; Trifon Ivanov, ex-internacional búlgaro; Arnold Palmer, um dos maiores jogadores da história do golfe; e a equipa brasileira da Chapecoense, num desastre aéreo.

ADEUS, SALVA-VIDAS

Inventou uma técnica que ajudou a salvar milhares de vidas. Henry Heimlich foi o criador da manobra para ajudar pessoas engasgadas, que consiste em comprimir a parte abdominal da vítima. Fez inúmeras demonstrações ao longo de décadas, mas só teve de utilizar a manobra de Heimlich em cenário real aos 96 anos, para salvar uma colega no lar de idosos.

Foi a primeira mulher a ganhar o Pritzker, considerado o prémio Nobel da arquitectura. A iraquiana Zaha Hadid deixa obras espalhadas um pouco por todo o mundo. Um dos seus projectos mais conhecidos é o Centro Aquático de Londres, que recebeu as provas de natação dos Jogos Olímpicos de 2012.

Também morreram em 2016 o bispo espanhol Javier Echevarría, prelado do Opus Dei; a antiga primeira-dama dos Estados Unidos Nancy Reagan, mulher do Presidente Ronald Reagan; e John Glenn, primeiro astronauta americano a orbitar a Terra

Morreu o primeiro americano a orbitar a Terra
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