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Ex-escravas yazidi. "Prometam-nos que não voltam a permitir que isto aconteça”

13 dez, 2016 - 12:14

Nadia Murad Basee Taha e Lamiya Aji Bashar receberam esta terça-feira o Prémio Sakharov. A "Europa é um símbolo de humanidade", disse uma das jovens.

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Ex-escravas yazidi. "Prometam-nos que não voltam a permitir que isto aconteça”
Ex-escravas yazidi. "Prometam-nos que não voltam a permitir que isto aconteça”

As duas jovens yazidi distinguidas com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento pedem à Europa que ponham fim à violência do Estado Islâmico. Nadia Murad Basee Taha e Lamiya Aji Bashar estiveram, esta terça-feira, na cerimónia de entrega do prémio.

No seu discurso, Lamiya Aji Bashar, 18 anos, lembrou a sua infância e recordou o dia 3 de Agosto de 2014, dia em que a sua aldeia foi tomada pelos militantes do autoproclamado Estado Islâmico.

“Mataram as mulheres mais velhas e as mais novas, como eu, foram para o mercado de escravatura. Eu fui vendida quatro vezes. Tentei sempre fugir mas de cada vez que era apanhada fui violentamente espancada”, descreve.

Lamiya lembrou que há ainda 350 mil mulheres e crianças mãos do Estado Islâmico.

“Prometam-nos que nunca mais permitem que isto aconteça. Oiçam-nos e tragam os responsáveis à justiça”, apelou.

Os eurodeputados aplaudiram Lamiya de pé, no fim do seu discurso. Depois foi a vez de Nadia Murad Basee Taha.

Nadia disse estar muito feliz com a atribuição do prémio por tal significar que a “Europa está ao nosso lado”. A jovem, agora com 23 anos, agradeceu à Alemanha, pais onde agora reside e que acolheu milhares de pessoas da comunidade yazidi.

“A Europa é um símbolo de humanidade”, disse.

A 3 de Agosto de 2014, o EI assassinou todos os homens da aldeia de Kocho, cidade natal de Lamiya Aji Bashar e Nadia Murad em Sinjar, no Iraque.

Durante meses as duas jovens estiveram sob cativeiro mas conseguiram escapar e estão agora a viver na Alemanha. Desde então, Nadia e Lamiya tornaram-se porta-vozes do sofrimento de milhares de mulheres e homens desta minoria étnica do Iraque.

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é concedido anualmente pelo Parlamento Europeu em homenagem ao falecido dissidente russo e cientista Andrei Sakharov. Criado em 1988, homenageia indivíduos e organizações de defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Em 2015, o prémio distinguiu o blogger saudita Raif Badawi, que cumpre uma pena de dez anos de prisão por "insultos ao islão".

De escravas sexuais a activistas. A história das vencedoras do prémio Sakharov
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  • Ceifador Atento
    13 dez, 2016 Taquáras 22:39
    Para ter a noção da hipocrisia do parlamento Europeu, é recordar as noticias das decisões deste em relação à Síria e ao seu governo legitimo há dois ou três anos atrás.
  • P/R/R
    13 dez, 2016 rqtparta 14:17
    Já reparei que quando és tu a fazeres o programa da RR P. coelho nunca publicas os meus comentários. Se calhar não é só os meus. Comentei à mais de uma hora e até agora nada. Tristeza!
  • António Pais
    13 dez, 2016 Lisboa 14:13
    A Europa está mais entretida com o politicamente correcto, e a receber a invasão islamita! Haveria que debater este e outros assuntos com liberdade, o que hoje em dia não há! Debater sem ideias pré-concebidas era convidar os dirigentes do PNR para um debate, e aí o povo veria o que realmente é defendido pelo PNR e não o que os jornaleiros querem passar. Estes assuntos e outros têm uma linha de pensamento clara e objectiva. Sem "ismos"...
  • Pois é!
    13 dez, 2016 dequalquerlado 13:34
    Bem que podem esperar toda a vida. A europa não se mexe contra estes monstros. Eles escondem-se debaixo do chão e usam civis como escudos, mesmo que cai alguma bomba para ir contra eles, o que apanha são civis. Depois eles continuam numa boa fazendo o mesmo, que é matando como desporto favorito deles. A estupidez e a bestialidade destes monstros só deverão ser combatidos com tropas no terreno...Fazê-los uma perseguição e extinguindo-os. A europa está mais preocupada em querer empobrecer cada vez mais os países mais pobres.

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