09 dez, 2016 - 09:15
O presidente da comissão parlamentar para o Reforço da Transparência no Exercício de Funções Públicas, Fernando Negrão, defende uma reforma do Estado que envolva toda a sociedade para que se conseguir travar o fenómeno da corrupção.
“Tem de haver uma reforma do Estado no sentido de a excelência e o mérito seja aquilo que conta e não quem tem mais influência ou mais conhecimentos ou mais facilidade em meter cunhas”, afirmou esta sexta-feira, Dia Internacional contra a Corrupção.
Convidado no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, o deputado do PSD defende ainda “uma envolvência muito maior do sector privado, no sentido de haver tolerância zero nas relações promíscuas com o sector público”.
Por fim, diz, é necessário que se envolva “as associações da sociedade civil, que têm de fazer um trabalho de consciencialização junto das pessoas e dos jovens, em particular”.
Faltam recursos humanos especializados
Fernando Negrão vê “com preocupação” a opinião tão negativa que as pessoas têm sobre a classe política, no que toca à corrupção.
A comissão parlamentar a que preside está a estudar mais legislação no campo da transparência, mas o deputado admite que a percepção todos os portugueses “de que a corrupção é muito maior do que a tornada visível”.
A lentidão da justiça não ajuda, reconhece também, considerando que o Ministério Público precisa de mais meios para lutar contra aquele crime.
“Há uma dificuldade muito grande nos grandes processos”, começa por explicar, e “faltam meios no Ministério Público, que é onde estas investigações se fazem e levam mais tempo, principalmente nestes processos maiores”.
E “porque estas investigações têm uma complexidade muito maior, há um problema central relacionado com falta de magistrados especializados na área”, apesar do esforço que “a Procuradoria-Geral da República está a fazer no sentido da formação de mais magistrados nesta área”.
O Dia Internacional contra a Corrupção foi instituído pela ONU em 2005, quando entrou em vigor a convenção dedicada ao mesmo tema. Esta sexta-feira, as Nações Unidas incentivam todos a participar nesta luta com “#unitedagainstcorruption”.