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Chefe do Estado-Maior da Armada

Marinha navega em meios "muito envelhecidos" e sem verbas para manutenções

07 dez, 2016 - 07:02

O almirante, que termina o seu mandato na sexta-feira, lembra que em 20 anos a Marinha perdeu 45% do pessoal.

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Marinha navega em meios "muito envelhecidos" e sem verbas para manutenções
Marinha navega em meios "muito envelhecidos" e sem verbas para manutenções

O chefe do Estado-Maior da Armada (CMA), que termina sexta-feira o mandato, advertiu que a Marinha navega com meios envelhecidos e não tem verbas para as manutenções programadas, face aos sucessivos "orçamentos abaixo das necessidades".

O orçamento destinado à Marinha em 2017, de 377 milhões de euros, "vai ser mais do mesmo, extremamente restritivo", disse em entrevista à agência Lusa,

O almirante Macieira Fragoso advertiu que quando os orçamentos ficam "abaixo das necessidades" para além de um ou dois anos, e "já vai em seis anos", começa a haver "consequências muito negativas", a começar pela manutenção, afectando a capacidade operacional.

"Os navios precisam de uma manutenção planeada, precisam de ser regularmente tratados e o facto de não termos financiamento leva-nos apenas, naquela agilização face aos recursos, a aprontar navios [para as missões], o que é um bocadinho diferente de manter navios", disse.

No esforço de renovação da frota, "muito envelhecida", disse, dos quatro patrulhas de fiscalização costeira comprados à marinha dinamarquesa em 2014, apenas um, o NRP Tejo, já foi modificado para as necessidades portuguesas e está a terminar o seu treino operacional, entrando em breve em missão.

O programa de modernização dos restantes "está atrasado", disse, porque "os fundos pensados e planeados têm vindo a ser libertados de forma mais lenta" do que o desejável.

Depois de falhado o projecto para a compra de um navio polivalente logístico, Macieira Fragoso insiste que este tipo de meio "faz uma falta terrível" ao país, não só em termos militares mas na componente de apoio à população, no caso, por exemplo, de ser necessária uma operação de maior dimensão de resgate de cidadãos portugueses. Neste momento, Portugal está a esse nível "dependente" de meios de outros países.

Mais e melhores navios

Macieira Fragoso destacou também o programa de revisão dos submarinos e a construção de dois navios patrulha oceânica, frisando esperar "vivamente que haja já outro contrato para um segundo par de navios".

"Uma coisa que me deixa um sabor mais amargo é não ter conseguido ter os navios patrulha costeiros [os navios comprados à Dinamarca] já todos prontos, era um dos meus objectivos, tê-los no fim deste ano todos a navegar, não consegui. Temos que lutar sempre, fazer o nosso melhor. Saio de consciência tranquila porque fiz tudo aquilo que sabia", disse o CEMA, que é também por inerência o titular máximo da Autoridade Marítima Nacional.

"Num tempo em que tanto se fala do mar e do desígnio nacional que é o mar acho que a soberania sobre esse mar é absolutamente fundamental que se exerça e por isso precisamos de mais e melhores navios", justificou.

No balanço dos três anos de mandato, Macieira Fragoso destacou a "reestruturação" ao nível dos efectivos, que atingiu sobretudo o Corpo de Fuzileiros, mas que foi transversal nas estruturas do ramo, visando torná-las mais "flexíveis e ágeis". No entanto, a redução de pessoal já vem do passado, frisou: Em 20 anos, a Marinha perdeu 45% do pessoal.

A Marinha conta hoje com cerca de 7.920 militares, 1.008 militarizados e 1178 civis, segundo dados fornecidos pelo ramo.

Actualmente, o ramo não vai poder reduzir mais, disse Macieira Fragoso, até porque enfrenta já dificuldades em constituir e substituir guarnições, em algumas especialidades, sobretudo na categoria de praças.

"Isso leva a que haja nessas especialidades militares que têm dificuldade em desembarcar. Portanto, saem de um navio, vão para outro e vão para outro e isso é um esforço muito grande porque acabam por estar sempre com grau de disponibilidade para estar fora e com pouco apoio para as famílias", disse.

Defensor do modelo actual da Autoridade Marítima Nacional, que está na dependência da Marinha para o cumprimento das suas atribuições, Macieira Fragoso considerou que se houvesse uma separação total seria rapidamente criada "outra Marinha". O modelo actual "permite poupar muitos recursos" e evitar "duplicações de meios", frisou.

Comentários
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  • Catarina Ruiva
    08 dez, 2016 Seixal 11:53
    Têm razão! Mas sendo a marinha uma força que até e depois algum tempo do 25 de Abril ´só tinha no comando esquerdistas como Rosa Coutinho,Vitor Crespo e outros que não vale a pena inumerar, estão agora com este governo a ser pagos por isso, porque ainda acharam pouco o que fizeram pelo PCP em especial e em particular pelo PS. Olhem agora vão pedir ajuda ás familias dos vossos camaradas atrás referidos que ganharam muito dinheiro com a descolonização. Para o 1º nome em Moçambique o Rosa andou a angariar fundos para uma regata até ao Brasil e como bom marinheiro desalinhado fez meia dúzia de milhas no oceano e desistiu.Mas o dinheiro que pediu para isso não o devolveu.Foi mais um mealheiro.Por isso contentem-se , geralmente a quem fazemos bem, eles depois viram-se contra nós.
  • pataxú
    07 dez, 2016 aveiras 17:54
    ...as operações "invisíveis" são segredo das FA's......................os submarinos deviam de ser 4, os 2 são insuficientes para tanto (trafe(i)g(c)o..... consta estarem pagos....
  • lv
    07 dez, 2016 lx 14:47
    Ó marinheiro, chama o Portas...chama o Portas....
  • António Pais
    07 dez, 2016 Lisboa 12:28
    O PNR propõe: Reestruturar e dimensionar o efectivo dos Quadros de Pessoal dos três (3) ramos das Forças Armadas Portuguesas; Garantir a credibilização e reconhecimento da profissão militar no quadro das funções de Soberania que lhes estão cometidas, as quais se constituem como essencial função do Estado; Reequipar e modernizar as Forças Armadas Portuguesas;
  • Dr Xico
    07 dez, 2016 Lisboa 11:35
    Estranho que só depois de saber que não era reconduzido no cargo venha falar de faltas na marinha, então o que andou por lá a fazer estes anos todos, esteve distraido ou esperava pelas medalhas?? è que o povo está farto de ver os militares a queixarem-se quando saiem, enquanto lá estão querem é medalhas e louvores...
  • ...
    07 dez, 2016 somewherovertherainbow 08:54
    ...e só precisam, ou passaram a precisar, agora que "vamos embora"...???
  • AM
    07 dez, 2016 Lisboa 08:35
    Querem mais submarinos? Caramba, na saúde, temos de usar papel reciclado...e os nossos Bombeiros, as necessidades que tem... E no IPO de Lisboa, é sala cheia todos os dias na consulta de ambulatório. Arre!
  • Rui
    07 dez, 2016 Lisboa 08:32
    A marinha precisa de barcos então mãos à obra construam 2 barquitos não deve ser difícil.
  • josefina silva
    07 dez, 2016 algueirao 08:21
    Têm falta de pessoal mas trabalham umas horitas por semana. Ninguem trabalha as sextas feiras, e tercas e quintas de manha andam a passear. Pois deve ser falta de pessoal o problema. Ou isso ou gestao miseravel.

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