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Porto - Viseu. O primeiro frente-a-frente de copo na mão

02 dez, 2016 - 23:50 • Maria João Costa

Os autarcas Rui Moreira, do Porto e António Almeida Henriques de Viseu foram os convidados do debate inaugural do Festival Literário Tinto no Branco. A segunda edição decorre até domingo no Solar do Vinho do Dão em Viseu.

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Pontapé de saída da segunda edição do Festival Tinto no Branco com dois autarcas vizinhos. Rui Moreira veio do Porto a Viseu e esteve ao lado de António Almeida Henriques na abertura do festival literário para falar da relação entre as cidades e a literatura. De copo de vinho do Dão na mão, os presidentes de câmara deixaram a conversa fluir com a moderação do escritor Francisco José Viegas.

A jogar em casa, o presidente da câmara de Viseu confessou que se idêntica com Aquilino Ribeiro "personagem notável da literatura", classifica o autarca, que olha para o escritor como alguém que "incorpora o beirão inconformado com uma atitude revoltada e atenta face ao poder central". Eleito como independente, Rui Moreira evocou muitos dos escritores que eternizaram o Porto. Agustina Bessa-Luís, Ruben A., Júlio Dinis ou Manuel António Pina foram os nomes trazidos ao debate pelo autarca da invicta.

Provocados por Francisco José Viegas, moderador da mesa, os autarcas foram levados a falar sobre o amor às cidades. Para António Almeida Henriques, que lembrou as "vivências" que o ligam a Viseu, a cidade por onde passaram "momentos marcantes da História de Portugal". Questão polémica é o nascimento do primeiro rei de Portugal. O autarca sublinha que "há fortes indícios" de que foi em Viseu que nasceu Afonso Henriques. Com 100 mil habitantes, Viseu é segundo as palavras do presidente da câmara "uma aldeia de gauleses que vai resistindo à desertificação".

Rui Moreira que falou sobre a forma como a visão sobre a cidade do Porto foi mudando recordou que quando se candidatou achou que o Porto "era como uma lâmpada do Aladino, mas onde o génio tinha ficado lá dentro". Para o autarca independente "as cidades têm alturas de luzes e de sombras", exemplo disso foi "a Porto 2001, Capital Europeia da Cultura que foi mal entendida e onde a reabilitação urbana foi feita à pressa", afirmou Moreira. Para o autarca "as cidades são como peças de relojoaria" e o Porto tinha um potencial a desenvolver na área cultural. Rui Moreira considerou mesmo que "A cultura é o factor diferenciador e primordial".

Perante a plateia do Festival Literário Tinto no Branco, o presidente da Câmara do Porto discorreu sobre o investimento na cultura que não passa pela "subsídio dependência", mas sim pelo "sentimento de pertença". Questionado por Francisco José Viegas sobre o fenómeno da sua página pessoal de Facebook, Rui Moreira explicou que no seu mural todos os dias publica uma fotografia de um rosto do Porto. "A pele do Porto" chama-se o projecto onde diariamente surge a cara de um portuense publicado na página pessoal do autarca. Segundo Rui Moreira, este "mapeamento" que está a construir "um puzzle humano da cidade" é também uma actividade cultural que estimula o sentimento de pertença á cidade.

Estas foram algumas das ideias escutadas no primeiro debate do Festival Tinto no Branco de 2016 que decorre em Viseu no Solar do Vinho do Dão até domingo. Antes ainda e em declarações aos jornalistas os autarcas de Viseu e do Porto criticaram o centralismo do poder de Lisboa. Para Almeida Henriques as duas cidades "não são choramingas", são antes cidades que "fazem por si", com uma "voz incómoda" e que "se não existisse um centralismo tão grande" iriam mais longe. Já Rui Moreira que também critica o centralismo do poder decisório, diz aos jornalistas que "é um problema que temos de combater fazendo realçar as qualidades" do Porto e de Viseu, um tempo que conclui "há-de chegar".

Comentários
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  • Wilson Rodriques de
    19 dez, 2016 Rio de Janeiro/Brasil 19:04
    Estou muito agradecido de haver conhecido a existência deste Festival Literário em Viseu... Matéria de qualidade cultural/ Parabéns , nobres confrades WR, Andrade/16.

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