26 nov, 2016 - 18:46
No dia em que Fidel Castro morreu, aos 90 anos, Jorge Sampaio, antigo Presidente da República que por várias vezes esteve com o ex-líder cubano, comenta o legado que deixa na história cubana e mundial.
“Eu acho que ele foi sem dúvida uma figura marcante do século XX. Sobre o seu exacto papel e o legado que ficará para a história, é preciso dar tempo ao tempo”, considera Jorge Sampaio.
“A verdade é que, já o disse, era um dos líderes mais carismáticos que conheci e suscitando resistências ferozes e entusiástica admiração, quer de líderes quer do povo em geral… porque estive com ele em numerosas cimeiras ibero-americanas, vi como é que o povo de várias capitais, onde isso se desenrolava, o saudava especificamente”.
Jorge Sampaio lembra que Fidel Castro era “uma pessoa controversa, mas que foi muito marcante na maneira como encabeçou a revolução no seu país, sem dúvida”.
Os “lados negativos” dessas décadas no poder são ainda visíveis na política cubana, que continua a basear-se num partido único, mantendo os presos políticos na prisão, explica Sampaio.
O antigo presidente comenta ainda as declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que classifica Fidel Castro como um “ditador brutal que oprimiu o seu povo durante seis décadas”.
“A verdade é que esse comunicado dá a pancada que um americano como o Trump tem que dar, é indispensável”, diz o ex-Presidente português, que considera que “parte das afirmações de Trump são verdadeiras”.
“Depois abre para a actividade de business, a actividade industrial e comercial que todos os sectores económicos e financeiros estão ávidos de poder fazer com Cuba”, explica Sampaio, que diz que não ficaria espantado se as relações EUA-América estivessem agora na ordem do dia. “As pressões são muito grandes para que isso aconteça”, diz.