26 nov, 2016 - 17:45
A morte de Fidel Castro foi motivo de alegria para muitos dissidentes do regime cubano espalhados pelo mundo.
Em entrevista à Renascença, Manuel Diaz Martinez, intelectual e poeta cubano exilado em Espanha afirma que “o legado de Fidel Castro é um país completamente destruído - moral, económica e politicamente”.
Martinez lembra que o líder cubano prometeu “liberdade e desenvolvimento económico”, mas deixou o país “na banca rota política e económica”. “Esse é o legado de Fidel Castro”, afirma o opositor ao governo cubano, que não acredita que a morte do histórico presidente tenha repercussão no desenvolvimento de Cuba a partir de agora.
“Creio que já há dez que anos que o Fidel Castro estava morto e ele já fez todo o mal que tinha a fazer. É simplesmente a morte de uma pessoa, e desse ponto de vista lamento, claro… mas nada mais”, afirma o poeta cubano.
Eliécer Ávila, líder do grupo dissidente “Somos Mas”, em declarações à agência Reuters, diz que agora o país deve ter abertura para receber todos os dissidentes.
“Não podemos desperdiçar esta oportunidade histórica de abrir as portas a todas as vozes, a todos os filhos da nação cubana, a todos os jovens que querem regressar ao país. Acho que este é o momento para uma grande despedida e o início de um grande abraço”, afirma o jovem cubano.
Em Miami, na Flórida, os cubanos saíram à rua para festejar a morte de Fidel. Na madrugada em que se soube a notícia, multidões saíram à rua no bairro de “Little Havana”, que alberga a maior comunidade cubana fora da ilha, para celebrar a sua morte.
Wilfredo Cancio, jornalista cubano exilado em Miami, acredita que a morte de Fidel “não teve tanto impacto como a sua doença” e que não terá “uma influência de mudança radical” em Cuba.
“Creio que nestes dez anos Raul Castro consolidou o poder e penso que o peso político de Fidel Castro foi diminuindo”, diz o jornalista, que trabalha no “El Nuevo Herald”, o maior diário em língua espanhola dos Estados Unidos.
“O que podemos esperar é um impacto emocional para muitas pessoas no país e ao mesmo tempo uma descarga emocional para os exilados que se viram afectados por esta personalidade”, explica.
“Mas no essencial penso que o processo cubano vai seguindo no sentido em que os cidadãos vão à procura de espaço de maior liberdade, maiores conquistas democráticas e acesso à participação mais livre na sociedade”.
Quanto às evoluções na relação de Cuba com os Estados Unidos, registadas durante o mandato de Barack Obama, este dissidente cubano acredita que Donald Trump “poderá talvez relançar o processo”.
“Creio que Trump se move de maneira realista, podem diminuir alguns contactos, mas não vai aniquilar os programas”, considera. “Também não deverá prejudicar os contactos comerciais porque Trump, entre outras coisas, é um homem de negócios… também tem interesse. Creio que os EUA se movem em pragmatismos e interesse comercial nesta relação”, diz o jornalista.