18 nov, 2016 - 19:34 • Henrique Cunha
O fim da crise política na Colômbia pode significar uma oportunidade de negócio para os sectores agrícola e agro-industrial português. A presidente da Câmara de Comércio Luso-Colombiana diz, em entrevista à Renascença, que esse é um mercado em que Portugal pode e deve apostar.
Em vésperas do início de mais uma missão com empresas portuguesas na Colômbia e no Equador, Rosário Marques fala das operações previstas para as principais cidades do país que procura uma saída para a crise dos rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Para a deslocação prevista para o período de 21 a 30 de Novembro, a Câmara de Comércio convidou empresas ligadas aos sectores da energia solar, da engenharia e arquitectura e sobretudo da construção civil.
O sector da construção é uma aposta para durar, sobretudo, na Colômbia?
Nós temos apostado muito na construção e nos diques. Portanto é normal que nós levemos empresas destes sectores. Porque acreditamos que são duas áreas em que Portugal tem muita qualidade e onde existe efectivamente um a grande necessidade quer a nível da Colômbia, quer a nível o Equador. Portugal e o sector da construção têm de olhar para o mercado da Colômbia e do Equador como mercados complementares. Não diria que é para centralizar lá o essencial da sua actividade, mas uma parte substancial porque não? Talvez 30%.
Dados da AICEP de Agosto apontam para que cerca de 500 empresas portuguesas exportem para a Colômbia. É possível aumentar o número? Em que sectores? E que atractividades oferece a Colômbia às empresas nacionais?
Porque nós temos uma oferta de produtos que é complementar à existente no mercado. E por outro lado, os nossos produtos em termos de preço e qualidade estão bem posicionados. Novas empresas de outros sectores poderão entrar também no mercado. É um país com uma baixa taxa de crescimento. Na última década situou-se à volta dos 4,5%.
E tudo isto apesar da instabilidade politica resultante da falta de acordo com as FARC. Aparentemente não é factor de preocupação para os empresários portugueses?
Nem para os portugueses, nem para os colombianos. A questão das FARC não se sente no dia-a-dia da Colômbia. Sentem áreas específicas da Colômbia. Fundamentalmente há uma grande área que não está a ser explorada porque existem guerrilheiros nessa área. No momento em que for atingido o acordo das FARC acho que é importante ter em atenção é o grande potencial que existe ao nível do sector agrícola e agro-industrial na Colômbia. E eu penso que os nossos empresários desta área também deveriam olhar para este sector. Porque existe uma área que vai poder começar a ser explorada.
É preciso que a Câmara de Comércio faça acções de sensibilização nessa área?
Nós temos feito algumas desde o Alentejo ao Norte.
E até que ponto a crise venezuelana afecta a economia da região?
A questão da Venezuela é uma questão complicada para a Colômbia porque são países vizinhos. Existe alguma influência negativa sobre a Colômbia: a pressão das fronteiras, a quantidade de colombianos que têm sido deportados. E portanto, eu acho que o mal de um país não teve consequência positiva no outro. Posso dizer sim, que em todos os países da América Latina produtores de petróleo, a descida do seu preço teve um efeito negativo.
É possível continuar a equilibrar a balança comercial entre os dois países que há cerca de 10 anos era muito favorável à Colômbia?
Eu acredito profundamente que sim. Porque nós temos todas as condições para aumentar as nossas exportações para a Colômbia, assim como o nível de internacionalização das nossas empresas.
O que pode representar para a América Latina e para a Colômbia, em particular, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos?
É ainda prematuro. É um Presidente eleito mas ainda não tomou. Desconhecemos em absoluto qual vai ser a política efectiva que vai aplicar.
Sabemos o que disse em campanha eleitoral.
Mas isso é uma questão diferente. Vamos ver depois como é que ele vai agir. Para a Colômbia não há grande problema.
E para o contexto da América Latina?
Eu tenho que acreditar que ele vai tomar as políticas certas. A presença e importância dos Estados Unidos em todo o continente americano são muito importantes. E eu acredito que o Trump tem de ser uma pessoa inteligente e como tal deverá assumir políticas correctas.
Exige-se um Presidente equilibrado?
Veremos.